Novas redes viárias agravam problema das ravinas em Angola -- ambientalista

A ação humana, com construção de novas redes viárias e a alteração do escoamento natural das águas, é um dos principais fatores desencadeadores de ravinas em Angola, afetando sobretudo o leste do país, considerou hoje a ambientalista Rosemaire Luís.
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A problemática das "Ravinas: Causas, Consequências e Soluções" foi hoje tema de uma palestra, em Luanda, promovida pela Associação Vida Pela Vida - Bloco Verde, por se tratar de um fenómeno natural que preocupa as autoridades e sociedade angolana no geral, nos últimos dez anos, devido ao agravamento da situação.

Em declarações à imprensa, no final, Rosemaire Luís, especialista e consultora técnica em gestão ambiental, disse tratar-se de um problema que afeta todo o país, sendo mais grave nas províncias do Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul, Zaire e Uíge, onde estão a ser afetadas as populações e estradas, entre outras infraestruturas.

Segundo a especialista, as ravinas são um fenómeno natural e fazem-se sentir em todo o país, citando igualmente casos em Luanda, Bié, Huambo para sublinhar que muita da topografia natural de Angola foi feita através de ravinas.

"O que está a acontecer é que nos últimos anos, com o desenvolvimento da nossa rede viária, nós temos estado a desencadear, por ação humana, mais rapidamente, fenómenos de ravinamento. Mas as ravinas vão ser sempre um fenómeno natural. Temos ravinas. Sempre tivemos", salientou.

Rosemaire Luís apontou ainda a construção de estradas, urbanizações, desmatação, queimadas, aterros e desaterros são igualmente outros fatores realizado pela ação humana que tem estado a causar mais rapidamente as ravinas ao longo de toda Angola.

Para mitigar a situação, a especialista defende uma abordagem multidisciplinar, com a intervenção de várias disciplinas de engenharia civil, ambiente, agricultura, biologia e antropologia, entre outras.

"Nós temos que ter um conjunto de soluções, em que temos uma abordagem no planeamento, no diagnóstico, na intervenção prioritária em ravinas que já estão a acontecer. Temos que decidir nacionalmente, ter uma abordagem global, de intervenção de toda a administração, para tentarmos solucionar esta problemática", referiu.

A oradora reiterou que as ravinas são um fenómeno natural, mas que se apresenta um problema a partir do momento que começa a afetar os bens nacionais, como a rede viária ou as construções.

"Em algumas ravinas que eu tenho identificado no nosso território, a alteração do escoamento natural, possivelmente com a construção de novas redes de drenagem de águas pluviais tem sido dos principais fatores desencadeadores do fenómeno de ravinamento, e em algumas que eu observei é este um dos principais fatores, é a construção da nossa rede viária e a rede de drenagem de águas pluviais associada", disse.

A sensibilização e educação ambiental da população, a fiscalização na construção das obras, a identificação de áreas de risco, gestão de planeamento, a intervenção em ravinas já com elevado risco de perda de bens são algumas das medidas prioritárias recomendadas pela especialista, licenciada em engenharia do ambiente pela Universidade do Algarve, em Portugal.

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