Novas manifestações de professores hoje em Lisboa e Porto

A pouco dias da próxima negociação com a tutela, os profissionais da educação voltam a sair à rua pela valorização da carreira.
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As manifestações dos professores não parecem ter um fim à vista. Depois de quase quatro meses de luta pelos direitos dos docentes, uma greve por tempo indeterminado, 18 greves por distrito e cinco rondas negociais com o Ministério da Educação (ME), os profissionais da educação voltam hoje a reunir-se para mais duas manifestações convocadas por nove estruturas sindicais, no Porto e em Lisboa. A partir das 15h30, na capital, a paralisação terá início no Rossio em direção à Assembleia da República; no Porto, o caminho seguirá desde a Praça do Marquês até à Avenida dos Aliados; em ambos os casos, para contestar o regime de concursos que está "em cima da mesa".

Face a atual contestação, para a próxima quinta-feira, 9 de março, prevê-se a "última" negociação suplementar (pedida pelos sindicatos), segundo o ministro João Costa, que - numa opinião contrária à dos representantes dos professores - refere haver "muitas aproximações" às reivindicações dos docentes e afirma que "o processo sobre o modelo de recrutamento e colocação de professores vai ficar concluído" brevemente.

"O diploma que hoje temos em cima da mesa não é aquele que o Ministério da Educação apresentou no início", frisou ontem o ministro, destacando que, este ano, vai registar-se "a maior vinculação de professores de que há memória" e que vão ser retirados da precariedade "mais de dez mil professores". ​​​​

No entanto, para os representantes do S.T.O.P e Fenprof - os principais rostos da luta dos professores - o entendimento tão aguardado com a tutela ainda está longe, havendo muitas exigências ainda sem resposta.

"Vamos fazer tudo para alterar os aspetos mais negativos e que são as linhas vermelhas que o Ministério desde a primeira hora conhece e das quais não quer abrir mão, mas também a ultrapassagem nas vinculações, o desterro de muitos professores para centenas de quilómetros, o tempo de serviço, as vagas e as quotas da avaliação", disse Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, que esta semana apelou a que os pais não levassem os filhos às escolas nos dias de greve (ontem e anteontem), em solidariedade com a luta dos professores.

O representante da Fenprof considerou ainda haver "uma perseguição do Governo aos professores" e garantiu que as paralisações continuarão, sendo anunciadas a 7 de março novas formas de luta que estão atualmente a ser decididas por educadores e professores no âmbito da consulta que está a decorrer em todo o país.

Por sua vez, também André Pestana, dirigente do S.T.O.P confirmou que 96% dos milhares de funcionários das escolas ouvidos pelo sindicato rejeitaram as propostas da tutela, depois da última reunião negocial que teve lugar a 23 de fevereiro, e que terminou sem qualquer alteração à situação instável nas escolas.

Para André Pestana e Mário Nogueira, é também muito revoltante a questão dos serviços mínimos, que "são cada vez mais máximos e estão a obrigar os docentes e não docentes a estar nas escolas, privando-os do direito à greve". Isto porque, de acordo com uma decisão divulgada na segunda-feira pelo tribunal arbitral, para esta greve os professores tiveram de garantir três horas de aulas no pré-escolar e 1.º ciclo, bem como três tempos letivos diários por turma no 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário, de forma a garantir, semanalmente, a cobertura das diferentes disciplinas.

ines.dias@dn.pt

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