Nova greve por distrito marca o início do último período letivo
"Apesar do desgaste de um ano escolar que já vai longo, também muito marcado pelos seus protestos, os professores compreendem que não podem baixar os braços, sob pena de iniciarem o próximo ano letivo numa situação ainda mais negativa". Em plena véspera do início do último período de aulas do ano 2022/2023, a tensão entre os professores e o Ministério da Educação (ME) mantém-se e promete não dar tréguas, como sublinha Mário Nogueira.
Prestes a dar início a nova ronda de greves distritais - entre 17 de abril e 12 de maio - o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), frisa ao DN que o ensino está perante o desafio do "retorno da tranquilidade às escolas" e ganhá-lo "está nas mãos do Ministério da Educação e do Governo". Com início sempre marcado para o meio-dia, "para contornar a imposição de serviços mínimos", esta greve ambiciona que "distrito a distrito, as escolas deixem de ter aulas até ao final do dia".
"Não é possível pacificar a vida das escolas continuando a desrespeitar os profissionais, a roubar-lhes o tempo de serviço que trabalharam, a gerar novas formas de instabilidade profissional e pessoal, a violar o direito à proteção da saúde daqueles que se encontram em situação de doença muito grave. Valorizar os professores não só permitirá que a tranquilidade regresse às escolas, como será decisivo para recuperar muitos jovens que abandonaram a profissão e para esta voltar a ser atrativa para quem se candidata ao ensino superior. Se assim não for, no futuro as escolas terão uma cada vez maior falta de professores qualificados", defendeu Mário Nogueira.
Porém, a esperança dos docentes portugueses cai neste momento sobre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que após as últimas reuniões negociais, terá de decidir a apreciação sobre o novo diploma de concursos. "Se o fizer [promulgação do documento], temos aberta mais uma frente de luta", concluiu o dirigente.
Apesar de as escolas sentirem os efeitos das greves desde dezembro, Mário Nogueira garante que os alunos não serão prejudicados no seu desempenho. Logo, tendo em conta os exames nacionais, o secretário-geral da Fenprof acredita que as notas não deverão ser um reflexo da instabilidade vivida este ano, dado que "os professores são profissionais com um elevado sentido de responsabilidade, pelo que têm sabido lutar sem deixar de apoiar os seus alunos". "É isso que distingue os grandes profissionais dos governantes", frisa.
Numa altura em que os diretores de escolas públicas pedem o reforço do Plano de Recuperação das Aprendizagens (PRA) para o ano letivo 2023/2024 dadas as dificuldades sentidas durante a pandemia de covid-19, também Filinto Lima, presidente da ANDAEP defende que os jovens "não estão a ser prejudicados em virtude do momento tenso que percorreu grande parte deste ano letivo".
"Não vai haver repercussões desta situação de instabilidade nas escolas porque os professores conseguem separar as situações. Há um forte clima de contestação fora das escolas, mas dentro da sala de aula os professores estão a ser profissionais de excelência", sublinha.
Contudo, Filinto Lima acredita que as próximas greves e manifestações marcadas terão impacto e que "o clima de instabilidade está para durar".
"Nas próximas semanas, quiçá meses, vamos ter mais do mesmo. Vai ser uma réplica do que tem acontecido desde o final do ano passado: greves, manifestações, oposição às políticas educativas do Governo, negociações, descontentamento e justas lutas dos professores. Estou convencido que os professores através da greve por distritos, e não só, vão demonstrar o descontentamento com aquilo que está a acontecer em termos educativos e nas negociações com o Governo. Vai haver muita adesão", afirma.
Nas próximas quatro semanas, os professores voltam a cumprir dias de greves por distrito. A começar no Porto e terminando em Lisboa, os profissionais da educação vão diariamente e em distritos diferentes protestar contra as propostas apresentadas pelo Ministério de Educação nas negociações.
Porto 17 de abril
Viseu 18 de abril
Vila Real 19 de abril
Viana do Castelo 20 de abril
Setúbal 21 de abril
Santarém 24 de abril
Portalegre 26 de abril
Leiria 27 de abril
Guarda 28 de abril
Faro 2 de maio
Évora 3 de maio
Coimbra 4 de maio
Castelo Branco 5 de maio
Bragança 8 de maio
Braga 9 de maio
Beja 10 de maio
Aveiro 11 de maio
Lisboa 12 de maio
ines.dias@dn.pt