Nova encíclica apela à ética no mercado
A encíclica "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), que Bento XVI divulga terça-feira, defende a importância de incluir valores da ética no mercado.
Denunciando que a actual crise se deve, em parte, ao facto de se terem perdido esses valores, substituindo-se Deus pelo "deus dinheiro", o Papa reforça a tendência de abordagem de temas sociais que tem marcado as encíclicas nos últimos anos.
A "Caritas in veritate" era já esperada em 2007, por ocasião dos 40 anos do documento fundamental da doutrina social da Igreja, o "Populorum Progressio", de Paulo VI.
A encíclica é o documento mais solene produzido por um Papa, dirigido ao clero, aos fiéis "e a todos os homens de boa vontade", e aborda questões doutrinais, de fé, de culto e mesmo disciplinares.
Os objectivos das encíclicas vão desde ensinamentos sobre um tema doutrinal ou moral ao avivar da devoção, à condenação de erros ou à informação aos fiéis sobre os perigos colocados por correntes culturais ou ameaças de autoridades governamentais, segundo o site Catholic.net.
Não constituindo dogmas de fé, mas apenas ensinamentos ou posições da Igreja, as encíclicas devem merecer aceitação e respeito por parte dos fiéis, refere o mesmo site.
Bento XIV (1675-1758) terá sido, em 1740, o primeiro Papa a usar esta forma de comunicação com a estrutura da Igreja e com os fiéis, mas foi Leão XIII (1810-1903) quem a começou a usar com frequência, sendo autor de várias encíclicas.
A mais conhecida das suas encíclicas é a "Rerum Novarum", sobre a questão operária, considerada um dos primeiros documentos da doutrina social da Igreja Católica, desenvolvida mais tarde por Paulo VI, na "Populorum Progressio", e por João Paulo II na "Centesimus Annus", sobre os cem anos da "Rerum Novarum", entre outras.