Nova câmara de comércio quer tornar Costa do Marfim destino para exportações portuguesas

A Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Costa do Marfim (CCIPCM), esta quinta-feira apresentada em Lisboa, espera que as empresas portuguesas aumentem as exportações para este país, pois constitui "uma oportunidade para diversificar" o risco das operações em África.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Cabeçadas, da direção da CCIPCM, explicou que "a Costa do Marfim é um país da África Ocidental que está atualmente a crescer cerca de 10% ao ano", pelo que constitui "uma excelente oportunidade para as empresas portuguesas diversificarem e diminuírem o risco" dos seus negócios no continente africano.

E prosseguiu: "Estamos perante um crescimento que deverá manter-se sustentado nos próximos dez anos", de acordo com instituições internacionais e com base no 'outlook' (perspetiva) do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A importância de as empresas portuguesas aumentarem as exportações para este país, enquadra-se, segundo Nuno Cabeçadas, na visão do Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que, no fundo, "é posicionar a economia do país como emergente, no sentido em que os BRIC [Brasil, Rússia, Índia e China] eram há alguns anos".

Dado que os países mais tradicionais nas relações empresariais de Portugal em África, como Angola e Moçambique, apresentam "maiores riscos", quer cambiais e quer no repatriamento de dividendos, para Nuno Cabeçadas a Costa do Marfim surge assim como "uma economia diversificada".

Nesse sentido, nota-se que algumas empresas portuguesas "estão a fazer um movimento de diversificação e diminuição dos riscos" das suas operações nos mercados em África, que poderá "intensificar-se ainda mais", afirmou.

A Costa do Marfim apresenta-se atualmente como sendo um mercado que "não está tão exposto" à volatilidade do preço das matérias-primas, nomeadamente da energia, pois é um país produtor de petróleo (45.000 toneladas por dia) e a sua economia está "bastante diversificada".

Pode, por isso, constituir "um bom destino" para os empresários portugueses em setores como os da geração de energia e eletricidade, telecomunicações e infraestruturas, salientou o dirigente empresarial.

Mesmo no setor agrícola, ressalvou Nuno Cabeçadas, "o país está demasiado exposto às flutuações dos preços do café e do cacau, embora seja um dos principais produtores mundiais".

A estabilidade da moeda, o franco CFA, que é uma divisa regional nesta zona francófona de África, e que tem paridade com o euro, pode também beneficiar os empresários portugueses, sendo que a Costa do Marfim se apresenta como "uma verdadeira porta" para os países desta região da África Ocidental (Benim, Senegal, Togo e o Burkina Faso), disse o dirigente empresarial, lembrando que o país tem igualmente "uma estrutura jurídica e de apoio ao investimento sofisticada".

O número de empresas portuguesas que exportam para a Costa do Marfim passou de 80 em 2011 para 149 no final de 2015, segundo dados da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

O saldo da balança comercial com a Costa do Marfim foi favorável a Portugal em 6,9 milhões de euros em 2016, depois de ter atingido um excedente de 13,8 milhões de euros no ano anterior, e sido negativa em 8,7 milhões de euros no final de 2014.

As exportações para este país africano atingiram os 35,5 milhões de euros em 2016, contra 40,6 milhões de euros em 2015.

Já as importações da Costa do Marfim situaram-se em 28,7 milhões de euros no ano passado, quando em 2015 atingiram os 26,8 milhões de euros.

Em janeiro deste ano (últimos dados divulgados pela AICEP), Portugal exportou 6,3 milhões de euros e importou 2,4 milhões de euros, o que se traduz num saldo comercial positivo de 3,9 milhões de euros.

No evento de lançamento da câmara de comércio, organizado pela sociedade de advogados Miranda & Associados, que abriu no ano passado um escritório naquele país, será debatido o tema "Destino: Costa do Marfim aborda ambiente de negócios num dos mais promissores Países Africanos".

A sessão conta com a participação do embaixador da Costa do Marfim em Portugal, Koffi Fana Théodo, sendo presidida por Luís Amado, presidente da direção da câmara de comércio, e por Diogo Lacerda Machado, presidente da assembleia geral, e ainda pelo embaixador António Monteiro, presidente do Conselho Estratégico da CCIPCM.