Norte-coreanos contam piadas, vão à praia e falam de futebol
Cinco anos depois de ter deixado a Coreia do Norte, Felix Abt sente saudades de quase tudo: "as piadas" dos companheiros de trabalho, a "excelente comida". Só os "longos invernos com falta de aquecimento" não deixaram qualquer boa recordação a este suíço de 59 anos. Autor do livro A Capitalist in North Korea - My Seven Years in the Hermit Kingdom (Um Capitalista na Coreia do Norte - Os Meus Sete Anos no Reino Eremita), o empresário contou ao DN que "do que os media escrevem sobre a Coreia do Norte, metade é verdade e metade é mentira. O problema é saber qual das metades é verdade".
Em 2002, Felix Abt foi destacado pela ABB, a multinacional helvético-sueca que opera nas áreas da energia e da robótica, como representante na Coreia da Norte. Instalado em Pyongyang com a mulher, vietnamita, e a filha pequena (que dividiam o tempo entre a capital norte-coreana e Hanói), o empresário teve de mergulhar no quotidiano dos norte-coreanos. "A minha mulher trabalhou como consultora do Ministério da Indústria Ligeira num projeto para desenvolver a indústria do cabedal, apoiado pelo governo suíço. E a minha filha andava no infantário da escola internacional de Pyongyang, onde a sua educadora norte-coreana ensinava aos alunos estrangeiros que Kim Il--sung [o primeiro líder da Coreia do Norte e avô do atual dirigente] era o pai simbólico de todas as crianças" do país.