É mais simples e pode ser feito rapidamente sem sair de casa. Mas o registo online de casamentos está a ser praticamente ignorado pelos noivos portugueses. Em ano e meio, foram recebidos 150 pedidos no registo civil, dos quais 98 acabaram em casamento. "Nas situações mais importantes da nossa vida optamos por fazer os actos notariais presencialmente", explica o sociólogo Gustavo Cardoso..Desde Fevereiro de 2009 que é possível iniciar o pedido de casamento civil através da Internet. Basta os noivos serem portadores do cartão do cidadão e preencherem os dados no sítio www.civilonline.mj.pt para que o processo arranque..São sobretudo os casais jovens que optam pelo registo online: a média de idades ronda os 32 anos, revelam os dados do Ministério da Justiça. A maior parte dos pedidos foi feita para o distrito de Lisboa (52), dos quais só 22 na Conservatória do Registo Civil de Lisboa. As 2.ª e 3.ª conservatórias do Registo Civil do Porto receberam somente seis pedidos..Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN), a explicação para o baixo número de pedidos não está relacionada com o desconhecimento desta medida simplex. "No casamento as pessoas preferem ir à conservatória, até porque o processo está simplificado ao nível da burocracia", frisa Sérgio Barros. ."Os serviços online são mais usados sobretudo pelas empresas ou escritórios de advogados, até por uma questão de simplificação do trabalho." Já "o cidadão prefere ir à Conservatória, tratar das coisas e esclarecer as dúvidas que tenha ou resolver quaisquer problemas que possam existir"..O sociólogo Gustavo Cardoso vai mais longe: "Nas situações mais importantes da nossa vida, como no casamento, optamos por fazer os actos notariais presencialmente", explica. "Há todo um cerimonial próprio desses actos que lhe conferem um maior simbolismo, que permite valorizar o acto em si", defende o sociólogo, dando como exemplo todo o protocolo em torno de uma visita do Presidente da República, onde se fazem publicamente cerimónias que "não precisavam de ser feitas presencialmente, mas valorizam o acto em si"..O envio dos dados pela Internet é a única diferença entre o processo online e aquele feito directamente nas conservatórias. ."Os prazos são os mesmos, os documentos também e o mesmo acontece com a cerimónia. A única diferença é mesmo o desbloquear do processo", afirma Sérgio Barros (ver caixa ao lado)..De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística referentes a 2008 - ainda não há dados finais de 2009 -, em Portugal realizaram-se 43 228 casamentos civis..Actos que, segundo Sérgio Barros, "se tornaram mais simples face às recentes alterações da lei". "Seja através de pedidos de registo de casamento online ou presencial, desde que as certidões estejam já digitalizadas ou os cidadãos as levem consigo em papel, havendo disponibilidade da conservatória, o casamento pode ser celebrado no próprio dia ou no dia a seguir", salientou Sérgio Barros..Mais complicados só os casos em que um dos noivos é estrangeiro ou no caso dos imigrantes, "uma vez que há necessidade de transcrever as certidões".