Nike baixa contratos das mulheres atletas quando ficam grávidas
A marca de artigos desportivos norte-americana Nike está envolvida numa polémica por baixar as verbas que pagam nos contratos publicitários das atletas que patrocina quando elas ficam grávidas.
A revelação foi feita por Alysia Montaño, atleta olímpica e tricampeã dos Estados Unidos de 800 metros, que denunciou ter visto o seu contrato com a Nike baixar assim que anunciou que estava grávida. A norte-americana Kara Goucher, outra atleta olímpica de provas de fundo, também se queixou do mesmo problema, mas estas são apenas duas das dezenas de atletas afetadas por esta medida da sua marca patrocinadora.
E isto surge numa altura em que a Nike faz gala de ter um anúncio publicitário onde enaltece as mulheres no desporto e a igualdade de género, fazendo mesmo referência à tenista Serena Williams, que regressou aos courts depois de ser mãe e voltou a ganhar um Grand Slam.
Esta quarta-feira Allyson Felix, velocista americana seis vezes campeã olímpica e doze vezes campeã do mundo em várias especialidades, escreveu um artigo de opinião no The New York Times onde critica duramente a Nike pela diferença de tratamento para com as mulheres.
"Nós, atletas, temos demasiado medo de dizer publicamente que, se temos filhos, corremos o risco de os nossos patrocinadores cortarem o nosso salário durante a gravidez. É um exemplo claro de uma indústria desportiva onde as regras são feitas maioritariamente por homens", escreveu a atleta de 33 anos, revelando que a Nike ofereceu-lhe um novo acordo 70% inferior ao anterior depois de saber da sua gravidez.
"Se eles acham que é o que eu valho agora, eu aceito", acrescentou, embora tenha pedido garantias que não seria penalizada se apresentasse um nível abaixo do normal nos meses a seguir a ter o filho. A resposta da empresa foi negativa. "Se eu, uma das atletas mais comercializada pela Nike, não consegui essas proteções, quem poderá tê-las? A Nike rejeitou, ficamos presos desde então", frisou Allyson Felix.
Na semana passada, a empresa reagiu às críticas com que tem sido bombardeada com a informação que tinha em marcha a elaboração de uma nova política que estabelecia salários padrão para as atletas durante a gravidez. E este assunto até chegou ao Congresso dos Estados Unidos, onde os legisladores pediram a Mark Parker, diretor executivo da Nike, para clarificar a postura discriminatória para com as mulheres.