Nicotina está em vias de ser considerada doping

Os responsáveis da Agência Mundial Antidopagem (AMA) estão a ponderar classificar no sábado a nicotina como droga susceptível de melhorar o rendimento desportivo, passando a mesma a figurar na lista de substâncias proibidas.
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A AMA recebeu um relatório do seu laboratório de Lausana, Suíça, que alerta para "provas alarmantes" de recurso à nicotina por atletas num total de 43 modalidades estudadas, facto que fez os peritos considerar a hipótese de a colocarem no elenco de produtos interditos, cuja nova versão está prevista ser anunciada no sábado para entrar em vigor a partir de Janeiro de 2012.

"A AMA e as federações desportivas devem avaliar a inclusão da nicotina no rol de proibições ou/e no programa de monitorização", lê-se no documento produzido após um ano de investigações e publicado pelo Jornal Internacional de Ciência Forense.

Os efeitos de melhoria do desempenho desportivo da nicotina incluem, segundo o estudo, "maior vigilância e funções cognitivas, além de menor stress e peso corporal".

"Curiosamente, a nicotina também espoleta um aumento significativo do ritmo cardíaco, da pressão arterial, do nível de glicose (açúcar no sangue) e produção de epinefrina (hormona humana, normalmente produzida em grandes esforços físicos) devido às suas propriedades estimulantes e, em simultâneo, relaxantes", continua o relatório.

Os peritos chegaram à conclusão de que "o tabaco, quando não fumado, é uma droga muito atractiva numa perspectiva de dopagem, porque não acarreta danos no sistema respiratório do atleta".

A nicotina é uma das várias substâncias acessíveis, como a cafeína ou o Viagra, sob avaliação em virtude do seu potencial efeito no rendimento desportivo.

O laboratório antidopagem de Lausana encontrou 15 por cento de atletas a utilizarem activamente nicotina, face a 25 por cento da população em geral, num universo de 2.185 amostras de urina testadas.

Acima da média ficaram praticantes de hóquei no gelo, ginástica, râguebi e esqui, por exemplo, enquanto 19 por cento das amostras de futebolistas apresentaram vestígios "antes e/ou durante a prática desportiva".

"Estas estatísticas dão mais força à hipótese de que o tabaco não fumado é utilizado como potenciador dos desempenhos", é dito no texto, cujas investigações começaram pouco depois do Mundial de hóquei no gelo de 2009, na Suíça, torneio no qual quase metade dos atletas recorria à nicotina.

A AMA pode monitorizar uma substância antes de a incluir na lista de produtos proibidos, caso a mesma cumpra dois de três requisitos: melhoria do desempenho, perigo para a saúde e quebra do espírito de um desporto limpo.

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