Nicolás Maduro quer diálogo direto com o Governo dos EUA

O Presidente da Venezuela sublinhou que os EUA "têm de ceder no ódio e no desprezo pela Venezuela" para que seja possível "abrir níveis e canais de contactos, diálogo e negociação".
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O Presidente da Venezuela afirmou que o diálogo com a "oposição extremista começou com bom pé" e insistiu que vai propor o estabelecimento um diálogo direto com o Governo dos Estados Unidos.

"Vamos propor, nas reuniões no México, o início de um diálogo direto com o Governo dos EUA para abordar todos os assuntos bilaterais", disse Nicolás Maduro, na segunda-feira, durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.

O Presidente da Venezuela sublinhou que os EUA "têm de ceder no ódio e no desprezo pela Venezuela" para que seja possível "abrir níveis e canais de contactos, diálogo e negociação".

"Temos permanecido firmes no diálogo como caminho para ultrapassar as dificuldades. Somos perseverantes e nos manteremos nesse caminho, com conversações e negociações saudáveis, de entendimento e reconciliação nacional. O diálogo é o caminho!", disse.

Maduro frisou ainda que Caracas tem mantido sempre a disposição de dialogar com Washington e apelou aos EUA para "pôr de lado a arrogância, o ódio e o desprezo, para fixar uma agenda" que leve ao "regresso dos adidos de negócios aos respetivos lugares".

Por outro lado, considerou serem já um êxito "os diálogos de paz entre a Venezuela e os setores extremistas da direita" e que o seu Governo "exigiu três pontos", que integram o memorando de entendimento assinado no início da nova ronda de negociações, no México.

Esses três pontos são o reconhecimento das autoridades legítimas da Venezuela, o levantamento de todas as sanções norte-americanas contra a Venezuela e a renúncia da oposição à violência e à conspiração, indicou.

Representantes do Governo do Presidente e da oposição aliada de Juan Guaidó iniciaram, na sexta-feira, uma nova ronda de negociações, no México, com a mediação da Noruega, com a assinatura de um acordo de entendimento.

No documento, manifesta-se a intenção de chegar a um acordo sobre "as condições necessárias para que se realizem os processos eleitorais consagrados na Constituição, com todas as garantias, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais" impostas a Caracas.

Na agenda estão temas relacionados com "direitos políticos para todos, garantias eleitorais para todos, o levantamento das sanções, o respeito pelo Estado constitucional, a coexistência política e social, proteção da economia venezuelana e garantias para a implementação e acompanhamento dos acordos".

Entretanto, as duas delegações anunciaram que a próxima ronda de negociações vai decorrer entre 3 e 6 de setembro, também no México e sob a égide da Noruega.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas.

De acordo com várias organizações, 5,6 milhões de venezuelanos abandonaram o país desde 2015, fugindo da crise.

A Organização de Estados Americanos (OEA) alertou recentemente que a emigração de venezuelanos poderá atingir os sete milhões até ao primeiro trimestre de 2022, superando os 6,7 milhões que fugiram da guerra na Síria.

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