As suas histórias de amor passadas em pequenas cidades da Carolina do Norte tornaram-se 'best-sellers' mundiais. E Portugal, onde é editado pela Presença, não é excepção. Três dos seus livros já foram adaptados ao cinema e há outros prestes a chegarem ao grande ecrã. Por 'e-mail', o escritor norte-americano contou ao DN como a família lhe serve de inspiração.
É mais romântico na vida real ou nos seus livros?
Acho que a minha mulher podia responder melhor do que eu, mas diria que me considero um sortudo por estar casado com ela. Ela é espectacular. E, sem entrar em muitos pormenores privados, aprendi que ela gosta de gestos românticos. Muito do que eu escrevi nos meus romances vem da relação que tenho com ela.
Quase todas as suas personagens apaixonam-se à primeira vista. Será porque foi o que aconteceu consigo?
Em parte, suponho. Acredito que, quando encontramos a pessoa "certa", percebemos isso imediatamente. O que acontece a seguir depende da pessoa. Alguns, mesmo se conhecerem a pessoa certa, não querem envolver-se numa relação séria. Eu escrevo sobre personagens, pessoas que querem uma relação séria.
Porque é que começou a escrever? E porquê histórias de amor?
Sempre gostei de ler e pensei em contar as minhas próprias histórias. Não havia um grande plano, tinha mais a ver com o facto de que pensava que o podia fazer e queria tentá-lo. Sempre adorei um desafio. Em relação a histórias de amor, o meu primeiro romance, O Diário da Nossa Paixão, foi inspirado nos avós da minha mulher. A deles foi uma verdadeira história de amor e, porque se tornou num sucesso, decidi continuar a escrever romances.
De facto, os seus livros, apesar de serem ficção, são baseados em pessoas ou acontecimentos reais. É uma forma de prestar homenagem a essas pessoas? Quanto da sua vida põe nos livros?
Não é necessariamente uma forma de homenagem, mas "algo" que compreendo perfeitamente antes de começar o romance. Isso ajuda-me a manter a história universal e original, o que basicamente resume a história de vida de muitas pessoas. Em relação à minha própria vida, essencialmente recorro às emoções que senti quando vivi essas "histórias na vida real". Acho que faz com que os romances sejam mais... realistas, como se a história pudesse acontecer a qualquer pessoa.
Acha que a vida real é melhor que a ficção?
A vida real às vezes é melhor e às vezes é pior. Depende do que uma pessoa está a passar. É aí que entram os romances. Às vezes podem ser um escape espectacular.
Acha que, por vezes, as pessoas não apreciam o que têm na sua vida porque estão à espera de um romance como o dos livros e dos filmes?
Às vezes, com algumas pessoas. Mas é uma pena.
É mais fácil ou mais difícil escrever um livro que é totalmente ficção?
Depende da história. Alguns romances são mais fáceis de escrever que outros. A não ficção, apesar de ser mais fácil de escrever, requer muito mais pesquisa, por isso há mais trabalho antes de nos sentarmos para pôr as palavras no papel.
Além dos romances, escreveu um livro de memórias, Três Semanas com o Meu Irmão. Porque decidiu fazê-lo?
Escrevi Três Semanas com o Meu Irmão por duas razões: primeiro, queria tentar escrever algo que nunca tinha escrito e, segundo, porque estava farto das "memórias americanas modernas". As memórias, em muitos casos, tinham-se tornado numa "corrida até ao fundo". Por isso quero dizer que as únicas memórias de que os críticos pareciam gostar eram as que falavam de infâncias terríveis e pais cruéis. Queria escrever uma memória em que as pessoas fossem basicamente... normais - e, mais importante, provar que este tipo de memória podia ser mais interessante e divertida que outras memórias, dependendo se estava ou não bem escrita.
Os seus livros têm sempre como cenário pequenas cidades. Acha que as pessoas nas grandes cidades estão demasiado ocupadas para se apaixonarem?
Não, não acho. É só porque eu vivo numa pequena cidade e estou familiarizado com esta forma de vida. Também acho que dá um certo ar de nostalgia aos romances, o que ajuda a tornar as histórias mais vívidas.
A morte está sempre presente nos seus livros. Porquê?
As histórias de amor são uma forma de ficção dramática e na ficção dramática, todas as emoções desempenham o seu papel. A morte traz diferentes emoções para o primeiro plano.
Acha que a felicidade vem com um preço?
Sempre. Mas tudo tem um preço. Se, por exemplo, uma pessoa só sente felicidade - e nada mais - então todo o espectro das emoções humanas nunca é explorado.
Como a morte, a fé desempenha um papel importante nos seus livros. É um homem de fé?
Sim. Sou católico e vou à igreja todos os domingos. Por isso, a fé é importante para mim.
O seu último livro chama-se Uma Escolha por Amor. Na sua vida, qual foi a escolha mais difícil que teve de fazer?
A decisão de ajudar o meu filho Ryan, a quem tinha sido diagnosticado autismo. Decidi que não ia ouvir os peritos que diziam que não havia nada que pudesse fazer. No final, eles estavam errados, mas manter a fé durante todos esses anos foi difícil.
Três dos seus livros foram adaptados ao cinema. Quando está a escrever um novo romance, a criar novas personagens, imagina como vão ficar no grande ecrã?
Não, nunca. Ainda não percebo muito sobre o negócio do cinema. Simplesmente tento escrever os melhores romances que posso.
Ficou contente com as adaptações? Eles falaram consigo sobre as alterações que fizeram?
Sim. Tive sorte. Todos os filmes foram um sucesso e estavam muito bem feitos. Em relação às mudanças, eu leio sempre o guião e, na maior parte das vezes, concordei com todas as mudanças. Normalmente, se não sempre, as mudanças são feitas para manter o filme "mais próximo" do espírito do romance. É só porque os filmes e os livros são diferentes tipos de meios.
Alguma vez teve bloqueio de escritor (como o Jeremy, em Quem Ama Acredita)? Como o conseguiu ultrapassar?
Sim, é difícil, porque eu não sei de onde vem a "magia" da escrita. Ainda não o compreendo. Para ultrapassar esses momentos, normalmente começo a pensar o que quero atingir no fim - o fim da cena, o fim do capítulo, o fim do livro - e trabalho para trás, perguntando a mim mesmo: "O que aconteceu precisamente antes disso?" Uma vez que faço esse trabalho de recuar, consigo avançar.
Em Laços que Perduram, aventurou-se um pouco com uma personagem mais negra, Richard, um homem com uma obsessão. Alguma vez pensou escrever outra coisa que não uma história de amor?
Não, nem por isso. Mas tento variar o tipo de história de amor que escrevo, para que as pessoas não sintam que estão a ler sempre a mesma coisa.
Qual é o segredo do seu sucesso? Alguma vez pensou que iria ser autor de best-sellers internacionais ou que iria ser eleito pela People Magazine o mais sexy?
Não sei. Um pouco de trabalho árduo, um pouco de sorte. Não é assim sempre? E não, nunca imaginei que iria ser tão popular como sou, mas tinha sonhado com isso.
Escreveu 13 livros em 12 anos. Como consegue ter tempo para escrever entre as viagens de promoção dos seus romances e a sua família? Vai conseguir manter esse ritmo?
Sou eficiente com o meu tempo. Ando ocupado, mas não me importo. Em relação ao ritmo, dou o meu melhor para publicar um romance por ano. É o que as pessoas esperam e penso que posso mantê-lo. Consegui até agora.
O que pode dizer sobre o seu próximo livro?
Não muito. Nunca falo dos meus romances antes de estarem concluídos. Tudo o que posso dizer é que é uma história de amor que decorre numa pequena cidade na Carolina do Norte e é diferente de todos os meus romances anteriores.