Neve em Janeiro já começa a ser tradição

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A Carvalha é uma pequena localidade do município de Arruda dos Vinhos, às portas de Lisboa, que ontem de manhã saiu do anonimato para durante algumas horas ser a atracção turística de gentes de dentro e fora do concelho, passando à frente do chamariz gastronómico de alguns conhecidos restaurantes da zona.

A família Murta, pai, mãe e dois rapazes, deixaram Vila Franca de Xira para trás e foram direitos ao cabeço junto à Carvalha, que já conheciam desde o ano passado. "Este ano há menos neve. É engraçado. No ano passado também tudo aconteceu num domingo", contou ao DN a mãe enquanto seguia os passos do Zé Pedro, de dez anos, o mais entusiasmado com os vestígios de branco deixados nas ervas.

Os quatros graus que enregelavam o nariz e as pontas dos dedos não tiraram o entusiamo ao garoto que, contente, fazia bolas de neve tentando juntar o que conseguia apanhar do chão. "Foi ele que nos acordou aos gritos e nos veio chamar a dizer que estava a nevar", conta o pai que lá teve de pegar no carro e rumar ao mesmo sítio onde no ano passado até havia gente com skis.

"Ainda fomos à serra da Estrela no ano passado, mas apanhámos frio e nevoeiro e só conseguimos ver neve perto da Torre", acrescenta.

Com o dia a começar a escurecer D. Nazaré ainda arriscou um passeio de fim de tarde. Mãos nos bolsos, bem quentinhas, vai subindo a ladeira perto de sua casa e informa-nos. "Isto de manhã, lá pelas 11.30 é que foi uma animação. Veio gente da Arruda para ver a neve pois lá ela não caiu. Aqui estava tudo lindo, a estrada branquinha e os carros cobertos. Ainda ficou assim um bocadinho, mas perto da uma da tarde começou a chover e derreteu a maior parte."

José Costa, lembra-se de que em 1945, "tinha eu seis anos , caiu uma grande camadona, que até a ribeira da Carvalha ficou toda branca". Também era Janeiro e tal como ontem mal a neve se desfez toda a gente se meteu dentro de casa, a apanhar o quente da lareira.

Os aguaceiros de neve que ontem de manhã caíram em algumas zonas de Lisboa e a norte da capital foram causados por uma depressão associada a uma massa nebulosa. Amadora, Carnaxide, Belas e Pêro Pinheiro foram outras localidades brindadas com alguns flocos. Também em Sobral de Monte Agraço nevou.

Loures não se surpreendeu

Os primeiros flocos de neve começaram a cair, em Loures, às 10.00. Em apenas uma hora, carros, casas, parques e estradas das terras mais altas do concelho, como Montachique, Lousa, Fanhões, ficaram cobertos de neve. Mas os moradores nem ficaram muito surpreendidos. "No ano passado aconteceu o mesmo, agora já começa a ser normal", conta António, de Salemas, perto de Montachique.

A essa hora, António já estava a trabalhar. Assim que começou a nevar, foi com o filho para a rua. "Mas nem deu para brincar muito, porque juntamente com a neve vinha a chuva que derretia logo tudo", declara meio desanimado. Não ficou "tão entusiasmado" como no ano passado. Para além de ser numa manhã de domingo, já "não é novidade", explica.

Também de Salemas, Sérgio Domingues assistiu a tudo. "Começou a chover, de seguida caíram pequenos flocos e só depois nevou com intensidade", diz. Desta vez, "não ficou tudo branco, porque a chuva ia derretendo a neve", conta desapontado. Já Adelino, de Fanhões, assim que viu a neve, pegou no carro e foi de propósito até ao cimo do Cabeço de Montachique.

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