Neto de Lula da Silva morre aos sete anos

Arthur, filho de Sandro Lula da Silva, teve surto de meningite meningocócita esta manhã e não resistiu. Morreu em hospital de Santo André, arredores de São Paulo. Antigo presidente pediu para ir ao velório
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O neto do antigo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, morreu nesta manhã vítima de um quadro infeccioso de meningite meningocócita, detetado horas antes, num hospital em Santo André, cidade nos arredores de São Paulo. Arthur Araújo Lula da Silva, de sete anos, era filho de Sandro, segundo filho do casamento de Lula com Marisa Letícia, falecida há dois anos.

No final de janeiro morreu Genival da Silva, irmão mais velho do político preso em Curitiba a cumprir pena por corrupção passiva e outros crimes desde abril do ano passado. Na ocasião, Lula só foi autorizado a participar das cerimónias fúnebres pelo presidente do Supremo Tribunal Federal já depois do sepultamento, em virtude de uma guerra de decisões e despachos, pelo que acabou por se recusar a sair da prisão.

A defesa do ex-sindicalista, entretanto, já apresentou um pedido à justiça do Paraná para ir ao velório do neto. De acordo com a Lei de Execuções Penais, "condenados que cumprem regime fechado", o caso de Lula, "podem obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta", no caso de "falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".

Em publicação no twitter, a presidente do PT Gleisi Hoffmann confirmou essa intenção. "Presidente Lula perdeu seu neto hoje. Que tristeza. Arthur tinha sete anos e foi vítima de uma meningite. Força presidente, estamos do teu lado, sinta nosso abraço e solidariedade. Faremos de tudo para que você possa vê-lo. Força à família, aos pais Sandro e Marlene. Dia muito triste", escreveu.

As meninges são as membranas que envolvem o sistema nervoso central. A meningite ocorre quando há inflamação desse revestimento, causado por micro-organismos, alergias a medicamentos, cancro e outros agentes. Os principais sintomas da meningite são dor de cabeça, febre e confusão mental.

Os últimos anos de Lula, depois de ter saído do Palácio do Planalto com 83% de aprovação e elogiado internacionalmente pelos seus mandatos, têm sido descritos como uma viagem dos céus ao inferno.

Logo em 2011, meses depois de ter entregue a presidência a Dilma Rousseff, o ex-metalúrgico e sindicalista foi diagnosticado com um tumor na laringe, após 40 anos de vício em tabaco. O tratamento de rádio e quimioterapia, sob coordenação dos médicos da elite paulistana que o ex-sindicalista passou nos últimos anos a frequentar, correu bem mas fez desaparecer por uns meses a principal imagem de marca do rosto do carismático político: as barbas. Já recuperado, Lula assistiu atónito à prisão por causa do escândalo do mensalão de José Dirceu e de outros seus ex-colaboradores e amigos íntimos.

Precisou ainda, tempos depois, de começar a socorrer Dilma Rousseff, em forte queda de popularidade, sobretudo após os protestos de junho de 2013 iniciados por causa do aumento em dez centavos de uma tarifa de autocarro em São Paulo. Sem tato político, ao contrário do padrinho, para lidar com um Congresso Nacional assumidamente clientelista, errante na condução económica e sob uma conjuntura internacional negativa, Dilma acabaria destituída em 2016. E 13 anos de poder depois, o PT, dizimado entretanto nas eleições municipais daquele ano, voltava à oposição para angústia de Lula.

Em janeiro de 2017, entretanto, Marisa Letícia Lula da Silva, companheira do político desde os primórdios da sua ação sindical, em 1973, sofreu um acidente vascular cerebral, vindo a morrer no dia 3 de fevereiro. Foi a segunda viuvez da vida de Lula, que perdeu aos 25 anos a primeira mulher, Lourdes Silva, por complicações derivadas de hepatite em plena gravidez.

Seis meses após a morte de Marisa Letícia, Lula ouviu a sentença do juiz Sergio Moro no caso do apartamento tríplex no Guarujá, um dos seis processos em que é réu ou acusado na Operação Lava-Jato e outras: nove anos e seis meses de encarceramento, agravados entretanto em segunda instância para 12 anos e um mês.

Seguiu-se a prisão, meses antes das eleições cujas sondagens liderava. E desde então nova condenação, desta vez por causa de uma propriedade rural em Atibaia, a morte do irmão no mês passado e a do neto hoje de manhã.

Em São Paulo

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