Netflix seduz a Europa mas quer conquistar o mundo
"Para nós, Narcos é um projeto exemplar. Porque foi filmado na Colômbia, com parte de capital francês, e tem um herói brasileiro que é muito amado na Alemanha". A descrição de Ted Sarandos, diretor de conteúdos da Netflix, sobre a série protagonizada por Wagner Moura pode definir a missão da plataforma de streaming nos próximos meses: conquistar a Europa para depois dominar o mundo.
A aposta em formatos "falados em todas as línguas" e produzidos em todos os países é uma das grandes armas do serviço de TV por Internet, atualmente com 75 milhões de subscritores e que só não opera na China e na Coreia do Norte. As próximas a sair a público são a francesa Marseille, a alemã Dark, a italiana Marco Polo, a britânica The Crown e a espanhola Cable Girls. "Olho para todas estas produções e, mesmo assim, acho alucinante", confessou o cofundador e CEO da Netflix Reed Hastings, esta segunda-feira, na conferência na Cité du Cinema em Saint Denis, em Paris, ao falar do passado e futuro da empresa que viu nascer em 1997 como "vendedora de DVD por correio".
Perante cerca de 300 jornalistas, os dois maiores responsáveis pela plataforma juntaram-se em França a estrelas dos seus maiores títulos. Uma operação de "europeização" que para Hastings tem um objetivo maior: "A Netflix é um projeto global. Queremos produzir em todos os territórios onde operamos [quase 200], o que acontecerá no final de 2017".
Para este encontro, o gigante do streaming não podia ter deixado de levar aquele que é o seu maior estandarte. Kevin Spacey teve honras de abertura do evento - ao qual compareceram também Ashton Kutcher, Ricky Gervais e John Lithgow, entre outros - e também ele falou da "globalização" da Netflix através da premiada House of Cards, que protagoniza, a primeira produção original da plataforma ("Eram zero há três anos e vão duplicar no próximo ano", garantiu Sarandos). "Esta série tem tanto sucesso em tantos países... Consegue ultrapassar fronteiras e não acho que seja apenas porque as pessoas se sentem fascinadas pela política nos EUA, mas sim porque a política da vida está presente em todo o planeta", afirmou o ator.
A quinta temporada da história - chega em 2017 - não contará com o criador Beau Willimon mas Kevin Spacey tranquilizou os fãs e, sem revelar pormenores sobre a trama - porque "há pessoas que ainda nem viram a primeira temporada" e não quer "ser o presidente dos spoilers" - garantiu que a qualidade se mantém, uma vez que "a equipa de guionistas é a mesma".
E qualidade é algo que Reed Hastings também promete. "Estamos a trabalhar num novo codex para podermos transmitir com imagem ainda melhor e menor consumo de banda larga".
Leia mais na edição impressa ou e-paper do DN.
Paris