A frincha no muro tem escassos milímetros, mas chega para se ver a faixa da morte, com a sua velha torre de controlo e o caminho usado pelos guardas fronteiriços para fazer a patrulha. Dos espigões de ferro que se erguiam do solo (a "relva de Estaline") e do arame farpado que os antecedia já não há vestígios. Ao fundo, talvez a uns 60 metros, surge o obstáculo final, outro muro de betão, mais alto e sem quaisquer aberturas. E visível ainda, com dificuldade, aparece o topo dos edifícios do outro lado, o livre, da Bernauer Strasse, uma rua berlinense cheia de histórias trágicas da Guerra Fria, daquelas que inspiraram os primeiros romances de espionagem de John Le Carré..É esta experiência de um tempo de prisão que acabou há 25 anos que oferece o Memorial do Muro de Berlim, hoje a parte mais bem conservada dessa fronteira artificial que separava Berlim Oriental, sob tutela comunista, de Berlim Ocidental, fiel aos valores da democracia e da liberdade. Será aqui, para inaugurar uma exposição dedicada aos 138 alemães que foram vítimas do "Muro da Vergonha", que a chanceler Angela Merkel iniciará este dia de festejos na capital. À noite, junto à Porta de Brandeburgo, haverá tempo para discursos, para ouvir a música de Peter Gabriel e do maestro Daniel Baremboim e para se iluminar os oito mil balões que assinalam por estes dias o antigo traçado do Muro. Uma celebração que procurará aproximar-se (se isso fosse possível) da euforia de 9 de novembro de 1989..Leia mais no epaper do DN