A Havaianas, a empresa que tornou moda os chinelos de enfiar no dedo, está a apostar em novos produtos. A São Paulo Alpergatas, do grupo Camargo Corrêa (accionista da portuguesa Cimpor), fabrica sob a marca que calça milhões de pessoas produtos como malas, toalhas, porta-chaves, ímanes de frigorífico e até meias especiais para usar com os chinelos. Os ténis e as alpargatas são a última invenção da marca brasileira, que pretende levar o conforto do chinelo para dentro do calçado, já que estes produtos são feitos com a mesma sola de borracha das Havaianas..Os modelos, à venda em lojas como Harrods e Selfridges, em Londres, e Galerias Lafayette, em Paris, custam entre 28 e 55 euros, e chegam a Portugal em Abril, nos vários pontos de venda da marca (ver caixa). Esta iniciativa tem um objectivo sazonal: "Os ténis visam aos europeus, que, por motivos climáticos, só podem usar as sandálias durante quatro meses no ano", diz Carla Schmitzberger, directora de negócios da unidade de sandálias da marca, em declarações à revista Veja. Assim sendo, o calçado só chega ao Brasil em Maio e aos EUA no próximo ano..O lançamento da Soul Collection é apenas mais um passo da Havaianas para se tornar uma marca global. As toalhas de algodão e as meias, por exemplo, foram criadas a pensar nos países mais frios, como a Ucrânia e o Canadá. Em Portugal, são vendidos todos os produtos da marca, à excepção das malas. Apesar de ser uma empresa internacional, todos os produtos são fabricados no Brasil - os chinelos são fabricadas em Campina Grande, na Paraíba, e são responsáveis por 80% do mercado de chinelos de borracha no país. Representam ainda metade da facturação de 2,4 mil milhões de reais (995 milhões de euros) do grupo. .Em 1999, quando teve início a exportação em massa, apenas 1,3% dos chinelos produzidos seguiam para outros países. No ano passado, 13% dos 190 milhões de pares que deixaram a fábrica tiveram como destino o mercado externo. Os chinelos de borracha estão presentes em 80 países - os principais compradores são Austrália, Filipinas, Argentina, Estados Unidos, França, Itália e Espanha. .Há nove anos, a Alpargatas começou a arquitectar a sua estratégia para vender os chinelos no mercado internacional. Depois de enfrentar uma crise no fim da década de 80, a empresa decidiu ampliar a sua linha, que por 32 anos se ancorou num único modelo, com a palmilha branca com sola e tiras da mesma cor. A Alpargatas também aumentou o número de pontos de venda e partiu para um marketing agressivo - era preciso mostrar ao mundo o produto de um país reconhecido pela sua moda de praia, mas com poucas referências em qualidade e inovação. Em 2003, cada um dos nomeados aos Óscares recebeu um par dos chinelos com cristais Swarovski. Um ano antes, a marca conseguiu incluir os seus chinelos no desfile da colecção de Verão do estilista Jean Paul Gaultier. Desde 2007, a Alpargatas tem escritórios em Nova Iorque e Madrid, que concentram as operações e a distribuição dos produtos pelos continentes. "A partir dos anos 90, a Havaianas deixou o ciclo vicioso que privilegiava alto volume, baixo custo e pouco investimento. Desde então, não pára de se reinventar", diz Carla Schmitzberger. .Nos últimos anos, nos EUA e na Europa, as sandálias ultrapassaram os limites da areia. Duas reportagens do The New York Times questionaram a conveniência de usá-las em ambientes de trabalho, hábito adoptado por muitos americanos no Verão. O melhor marketing é quando aparecem em pés famosos, como os das actrizes Lindsay Lohan e Megan Fox. Vieram, como era de esperar, as edições limitadíssimas. A joalharia H. Stern chegou a criar três pares com penas de ouro e diamantes. O preço: 52 mil reais (22 mil euros).