Nem Obama nem Romney entusiasmam eleitores luso-americanos
"Não acho que haja grandes pontos fortes em nenhum deles", disse à Lusa o empresário reformado António Ribeiro.
Enquanto toma café no Sport Clube Português de Newark, Nova Jérsia, e espreita o futebol nos canais portugueses, Ribeiro afirma, como outros eleitores luso-americanos, que já "tem uma ideia" do candidato preferido, mas que só irá decidir definitivamente no dia de ir às urnas, 6 de novembro.
Se Obama está "este ano mais apagado, desgastado", Romney "não teve um projeto, uma frase que seja capaz de empolgar", numa altura de dificuldades económicas e desemprego elevado, que penaliza a comunidade luso-americana, a maior na região de Nova Iorque/Nova Jérsia.
Para Luís Pires, diretor do jornal 'Luso-Americano', "a comunidade está dividida quanto ao voto".
"Tenho falado com imensa gente que não admite votar no Romney publicamente, mas à boca das urnas irá votar republicano. A questão da economia preocupa a comunidade e isso pode pesar em favor do Mitt", disse Pires, cujo jornal é o maior luso-americano em português.
Fernando Santos, que foi diretor do 'Luso-Americano' e hoje se dedica à investigação da história da comunidade, atribui o desinteresse em parte a umas eleições "que são uma final de taça renhida, mas entre duas equipas que não prometem um bom futebol".
Como Nova Jérsia e Nova Iorque, solidamente democratas, são estados pouco importantes no jogo eleitoral, sublinha, há "muito poucos cartazes da campanha presidencial", também ausente "das TV da área metropolitana nova-iorquina", adianta Santos, que irá votar para as presidenciais, para o Congresso e Senado.
Carlos Gil, de 69 anos, é um conhecido comerciante de Ferry Street "coração" da comunidade portuguesa de Newark, e deixou de votar ao fim de quatro décadas no país, pois "deixou de acreditar nos políticos".
"Obama, dentro daquilo em que economia está, acho que tentou o melhor possível. [se votasse] Seria Obama, é mais credível", afirma Gil, que quase sempre votou nos democratas.
Carla Belo, gerente de uma conhecida ourivesaria familiar na mesma rua, também não tem planos para votar, uma vez que não se interessa por política.
"Acho que as pessoas chegaram a um ponto em que até muitos deixam de acreditar", afirma a eleitora, há 15 anos residente no país, que se queixa da quebra de vendas na sua loja.
"Vai tudo dar ao mesmo. Não há nenhum [candidato] que me chame mais", adiantou à Lusa.
Jack Martins, senador estadual de Nova Iorque, reconhece que "há muito espaço para crescer" na participação eleitoral da comunidade, que "ainda não alcançou o seu potencial" em termos de luso-americanos eleitos, sobretudo em Nova Jérsia, onde residem perto de 100 mil portugueses e lusodescendentes.
Mas, para Martins, é "muito difícil pintar toda a comunidade portuguesa com o mesmo pincel", pois está distribuída pelo nordeste, Califórnia, Flerida, e a tendência é até positiva, à medida que se vai processando a "assimilação" destes emigrantes.
"Acho que estamos a ver mais envolvimento e isso vai traduzir-se no número de políticos eleitos", disse à Lusa o ex-presidente da câmara de Mineola, em Long Island.
"Devemos esperar muito no futuro da comunidade", adianta.