NATO adverte Moscovo sobre a "bomba suja"

Stoltenberg e Washington rejeitam alegação russa e pretexto para escalada. Ao chegar ao oitavo mês de invasão, Zelensky diz que a Rússia passou do segundo maior exército a um país isolado.
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O secretário-geral da NATO disse que a Rússia não deve escalar o conflito na Ucrânia com falsas alegações de que Kiev está a planear detonar a chamada "bomba suja". Foi a resposta de Jens Stoltenberg às repetidas alegações de Moscovo de que a Ucrânia poderia utilizar tal arma, o que suscitou receios de que a Rússia planeie fazê-lo para depois incriminar Kiev.

O líder da aliança atlântica disse ter falado com o chefe do Pentágono Lloyd Austin e com o ministro da Defesa britânico Ben Wallace "sobre a falsa alegação da Rússia de que a Ucrânia se prepara para utilizar uma bomba suja no seu próprio território". Uma bomba suja é uma combinação de explosivos com pó radioativo, ou com materiais químicos e biológicos, pelo que a sua detonação não gera uma explosão atómica como uma arma nuclear.

DestaquedestaqueO comandante das forças armadas da Rússia quebrou o silêncio de meses e falou com os homólogos dos EUA e Reino Unido.

Stoltenberg escreveu no Twitter: "Os aliados da NATO rejeitam esta alegação. A Rússia não deve utilizá-la como pretexto para uma escalada. Permanecemos firmes no nosso apoio à Ucrânia."

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O Kremlin alegou que a Ucrânia está na "fase final" do desenvolvimento de uma bomba suja, o que foi rejeitado por Washington. "Os ucranianos não estão a construir uma bomba suja, nem temos indicações de que os russos tenham tomado a decisão de empregar armas nucleares, químicas ou biológicas", disse um funcionário norte-americano aos jornalistas. O comandante das forças armadas russas, Valery Gerasimov, quebrou o silêncio de meses e falou ao telefone com os seus homólogos dos EUA, Mark Milley, e Reino Unido, Tony Radakin, tendo repetido as alegações de que Kiev planeava utilizar a dita arma.

No dia em que se marca os oito meses do início da invasão russa, Kiev voltou a anunciar ganhos territoriais, quer no nordeste do país, quer na região de Kherson, no sul, e o presidente ucraniano disse que a Rússia está numa espiral descendente. "Estão a implorar por algo no Irão, a tentar extrair algo das nações ocidentais, a inventar disparates sobre a Ucrânia. O potencial russo está a ser desperdiçado numa guerra contra o nosso país e contra todo o mundo livre. Havia a influência do gás, mas já não existe. Costumava haver influência militar, mas está a evaporar-se. Costumava haver peso político, agora há isolamento", afirmou Volodymyr Zelensky.

O ministro da Defesa da Roménia demitiu-se ao fim de semanas de pressões depois de ter dito que a única hipótese da Ucrânia para pôr fim à guerra era negociar com a Rússia. Vasile Dincu disse que a Ucrânia precisava de aliados internacionais para negociar garantias de segurança e paz com a Rússia, o que suscitou críticas do presidente Klaus Iohannis e dos líderes da coligação governamental.

Iohannis afirmou que os ucranianos estavam a pagar a guerra com sangue e que só eles podiam decidir o que e quando negociar, uma posição partilhada pela Roménia e pela UE. Dincu disse que os seus comentários foram retirados do contexto.

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