Natascha Kampusch ainda tem pena do raptor

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"Cada vez sinto mais pena dele", afirmou Natascha Kampusch referindo-se ao homem que durante oito anos a manteve fechada na cave da sua casa nos arredores de Viena. Um ano após ter conseguido escapar, a austríaca, agora com 19 anos, explicou à televisão ORF como está a tentar recuperar uma vida normal, apesar da polémica em torno da sua família e do projecto de fundação para as mulheres vítimas de violência.

Pondo fim a oito meses de silêncio, Natascha aceitou o convite da televisão austríaca ORF para participar num documentário sobre a sua readaptação ao quotidiano. Após uma primeira entrevista à mesma estação, dias depois da sua fuga, a austríaca recusou as muitas solicitações dos media, o que não impediu um jornal local de publicar fotografias da jovem numa discoteca de Viena a beijar o namorado, David Lansky, filho do seu advogado.

Sujeita a intenso apoio psicológico, a austríaca explicou que Wolfgang Priklopil, o técnico de comunicações que a raptou no caminho da escola quando tinha dez anos, continua na sua memória. "O que ele me fez não desapareceu", disse Natascha, que recusa falar sobre a relação que manteve com o homem de 44 anos que se suicidou, atirando-se para debaixo de um comboio, na noite em que ela fugiu.

No documentário, transmitido na segunda-feira pela ORF, o espectador pôde acompanhar Natascha Kampusch numa aula de condução e numas férias em Barcelona. A visita à cidade espanhola aconteceu a convite da televisão, o que reforçou a polémica sobre o dinheiro que a austríaca recebeu pela sua participação.

Pela entrevista que deu à ORF pouco depois da sua fuga, Natascha recebera um milhão de dólares; dinheiro que a própria disse ter sido depositado numa conta bancária para assegurar o seu futuro. Agora, tal como na altura, a estação austríaca cedeu os direitos de transmissão a várias televisões estrangeiras (como a RTP, que transmitiu o documentário ontem à noite) e anunciou que Natascha receberá a sua parte.

A viver num apartamento no centro de Viena, onde tem aulas particulares para recuperar os anos em que não foi à escola, Natascha garantiu manter o projecto de criar uma fundação para ajudar as mulheres vítimas de violência. Mas antes disso: "Preciso de estar totalmente recuperada", afirmou. A imprensa austríaca interrogava-se sobre este atraso e sobre o facto de a fundação só ter recebido 50 mil euros em donativos.

Quem também tem alimentado a imprensa sensacionalista são os pais de Natascha, Brigitta Sirny-Kampusch e Ludwig Koch, divorciados desde o rapto da filha. Koch ameaçou apresentar queixa contra a ex-mulher que o acusou de beber demasiado e estar viciado no jogo, num livro que lançou sobre os seus anos sem a filha. "É uma falta de respeito. Se não pararem, terei de me afastar", disse Natascha à ORF.| com agências*

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