Nasceu em Londres o primeiro jogador naturalizado a ser convocado pela China

Filho de mãe chinesa, Nico Yennaris fez história ao ser chamado para os jogos de preparação da seleção chinesa contra Filipinas e Tajiquistão
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A seleção chinesa adotou recentemente uma política de naturalização de jogadores com ligações à China na esperança de que talentos nascidos no estrangeiro possam melhorar a equipa nacional e na quinta-feira foi chamado o primeiro futebolista nessas condições, o médio londrino de 26 anos Nico Yennaris.

À semelhança de Anthony Lopes ou Raphael Guerreiro no caso português, Yennaris está elegível para representar a seleção asiática porque tem ascendência chinesa através da mãe. Porém, esta época foi mesmo jogar para o Beijing Guoan, da Superliga Chinesa, clube pelo qual apontou dois golos nos nove primeiros jogos.

Depois do primeiro golo, ao Henan Jianye, mostrou-se orgulhoso pelo feito. "É o primeiro na Superliga Chinesa apontado por um jogador naturalizado, por isso é algo de que me posso orgulhar. Para mim, é uma grande honra", afirmou na altura.

Nascido em Leytonstone, Londres, Li Ke, como é conhecido na China, fez toda a formação no Arsenal, tendo atuado ao lado de Harry Kane (avançado do Tottenham que também passou pela formação dos gunners), e chegou a jogar por quatro vezes pela equipa principal do Arsenal às ordens de Arsène Wenger, incluindo um encontro diante do Manchester United em 2012. Depois de empréstimos ao Notts County e ao Bournemouth, esteve cinco anos a título definitivo no Brentford antes de abraçar a aventura em Pequim.

Depois de ter representado as seleções jovens inglesas desde os sub-17 aos sub-19, tornou-se o primeiro futebolista naturalizado a ser convocado pela equipa nacional chinesa, que somente em 2002 conseguiu o apuramento para um Campeonato do Mundo. A estreia poderá acontecer já esta sexta-feira, diante das Filipinas, ou na próxima terça, frente ao Tajiquistão, em jogos de preparação para a qualificação para o Mundial 2022, que se vai realizar no Qatar. "Espero ajudar o futebol chinês e estou esperançoso de que um dia possa jogar pela seleção nacional e tentar chegar a um Mundial", disse numa entrevista recente.

Além de Inglaterra e China, Nico Yennaris também está elegível para representar o Chipre, país de onde o pai é natural.

Futebol é prioridade nacional desde 2015

O presidente chinês Xi Jinping, um fervoroso adepto da modalidade, fez do investimento no futebol uma prioridade nacional em 2015. Desde então que academias foram construídas e treinadores e dirigentes estrangeiros contratados. Até recentemente, o projeto chinês não incluía recurso a estrangeiros, mas a derrota estrondosa ante o Irão (0-3) nos quartos-de-final da Taça da Ásia motivou uma reflexão interna.

Yennaris foi o primeiro naturalizado a ser convocado, mas outros se poderão seguir caso assim entenda o selecionador Marcello Lippi. John Hou Saeter, internacional norueguês pelas seleções jovens e filho de mãe chinesa, rumou em janeiro ao Beijing Gouan com o mesmo intuito. Tyias Browning, que representou as seleções jovens inglesas, está agora no Guangzhou Evergrande e está com o processo de naturalização a decorrer. Além destes, também se tem especulado que alguns jogadores brasileiros há várias épocas na Superliga Chinesa, como Elkeson (Shangai SIPG) e Ricardo Goulart (Guangzhou Evergrande), Fernandinho (Chongqing Lifan) ou Alan Carvalho (Tianjin Tianhai) possam representar a China

Em março, a Federação Chinesa (CFA) divulgou linhas orientadas para os clubes que incluíam a exigência de ensinar os novos jogadores a serem patriotas e se consciencializarem para os valores do Partido Comunista, devendo produzir relatórios mensais sobre os ideais e os desempenhos dos atletas. "A organização do Partido Comunista da China, que cobre os clubes de futebol, será responsável por educar esses jogadores sobre a história e a ideologia do partido. Os clubes de futebol devem ter pessoal especialista designado para acompanhar o pensamento dos jogadores e o seu desempenho nos treinos e nos jogos", escreveu a CFA, citada pelo The New York Times .

Uma das primeiras tarefas patrióticas para os jogadores estrangeiros é aprender o hino nacional da China, que é reproduzido antes de cada jogo da Superliga.

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