Nascem menos 800 bebés por mês em Portugal, queda agravada desde novembro

As estatísticas dos primeiros cinco meses do ano indicam que nunca nasceram tão poucas crianças no país. A manter-se a atual média, pela primeira vez iremos ficar abaixo dos 80 mil nascimentos por ano.
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Maio registou uma nova diminuição dos nascimentos em Portugal, com 6629 bebés, menos 611 (8,6 %) que no mesmo mês do ano passado. Mas, se somarmos o total de crianças nascidas nos primeiros cinco meses de 2021 (31 061), a queda é de 11, 4%, significando uma média de menos 796,6 bebés por mês, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE - Estatísticas Vitais). É uma tendência de decréscimo da natalidade que vem desde julho de 2020, mas a queda é muito maior a partir de novembro, mês em que nasceram os primeiros bebés da pandemia.

São dados mensais e que revelam as consequências da covid-19 no país. O primeiro caso da doença foi conhecido a 2 de março e a quebra da natalidade é bem visível nove meses depois. O país tem um dos índices sintéticos de fecundidade mais baixos da UE, 1, 4 crianças por mulher em idade fértil.

Portugal desceu abaixo dos cem mil nascimentos anuais há 11 anos, tendo os valores oscilando de ano para ano. 2021 prevê-se que seja o terceiro ano consecutivo com quebras e, provavelmente, ficará abaixo dos 80 mil nascimentos no final do ano. Significa que nunca nasceram tão poucas crianças no país.

Em contrapartida, o número de morte nos primeiros cinco meses do ano é maior que em igual período de 2020. Isto, apesar de haver uma inversão a partir de abril. Neste mês, registaram-se 8414 óbitos, menos 1999 que no período homólogo de 2020, em maio foram menos 448 e, em junho, a quebra é de 982. No último mês, 76 mortes devem-se à covid-19, representando 0,9% do total de óbitos.

Janeiro e fevereiro foram os meses de 2021 com mais mortalidade, 19 642 óbitos e 12 719, respetivamente. O ano começou com o valor mais alto de óbitos desde o início da pandemia, um aumento de 65,6% (mais 7 780 óbitos) relativamente ao mesmo mês de 2020. No total, 5785 (29,5 %) deveram-se à covid-19.

Verificou-se um acréscimo acentuado de mortes a partir da última semana de 2020 (28 de dezembro a 3 de janeiro de 2021). Na terceira semana (18 a 24 atingiu-se o máximo (5 041), mas é na quarta que mais pessoas morreram devido à covid-19 (2 036).

Significam aqueles dados que o saldo natural tem sido negativo e o intervalo entre nascimentos e mortes é cada vez maior.

"O aumento do número de óbitos, para o qual contribuiu a mortalidade por covid-19, assim como o decréscimo do número de nados-vivos, determinaram um forte agravamento do saldo natural em 2020 e nos primeiros dois meses de 2021. Janeiro e fevereiro de foram os meses com o menor saldo natural observado, respetivamente, menos 13 702 e menos 7 026", refere o estudo do INE.

Tal disparidade tornou-se menos acentuada a partir de março, mas sempre com uma diferença de mais duas mil mortes comparativamente aos nascimentos.

A notícia de recuperação nas estatísticas divulgadas esta sexta-feira, dizem respeito aos casamentos. Em maio, celebraram-se 2602 matrimónios, mais 88,4% em relação ao mês de abril de 2021 (1381), que, por sua vez, tinha tido muito mais celebrações que em 2020.

Consequência das medidas de confinamento decretadas a partir de 16 de março de 2020, que fez com que o país praticamente parasse. Em abril desse ano, realizaram-se 117 casamentos e, em maio, 745. O que é muito pouco comparativamente aos meses anteriores à pandemia, respetivamente 3081 (maio) e 1767 (abril).

O país entrava em fases de desconfinamento em abril e março, aliviando-se as medidas de combate à pandemia, mas tudo mudou a partir de junho. Há cada vez mais concelhos no risco elevado devido ao número de casos, o que significa que não podem ter celebrações com mais de 25 % do espaço ocupado. Os próximos dados estatísticos a analisar pelo INE dirão de que forma estas limitações podem estar a influenciar estes casamentos. As fontes consultadas são as conservatórias do Registo Civil até 13 de julho de 2021.

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