NASA descobre que será mais fácil mergulhar no oceano líquido da Europa

Agência espacial americana detetou atividade de jatos de vapor de água na lua de Júpiter, o que torna mais fácil possível exploração
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Mergulhar no oceano líquido que se esconde por baixo de uma camada de gelo na lua de Júpiter pode ser bem mais fácil do que se pensava. Basta que se confirme que a atividade registada pelo telescópio Hubble, e divulgada ontem pela NASA, é mesmo jatos de vapor de água.

O telescópio espacial tem estado a estudar o satélite natural Europa e detetou atividade no pequeno planeta gelado. Em dados captados em 2014 e agora analisados, foi possível detetar o que parecem ser géiseres de vapor de água a sair do planeta. O que reforça a ideia de que o satélite tem um oceano global de água salgada sob a camada de gelo, bem como que existem "passagens" que ligam diretamente a superfície gelada ao líquido interior.

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O astrónomo William Sparks, do Instituto de Ciências de Baltimore, explicou durante a conferência de imprensa realizada às 14.00 locais (19.00 em Lisboa) que estas "plumas" de vapor de água significam que haverá fissuras na camada de gelo que ligam diretamente ao oceano líquido. Uma descoberta importante para uma futura missão ao planeta, pois significa que será possível "mergulhar" no oceano - que terá o dobro da água que existe nos oceanos da Terra - sem ser necessário perfurar quilómetros de gelo.

A má notícia é que os cientistas estão a trabalhar "nos limites do que o Hubble pode fazer", como sublinhou Sparks, pelo que é possível que os dados captados tenham outra explicação que não seja a de saída de vapor de água vinda do oceano líquido. Ainda assim, neste momento, essa é a explicação mais provável.

Os indícios foram recolhidos graças a instrumentos de sensibilidade ultravioleta do telescópio, onde foi possível distinguir jatos com 200 quilómetros de altura. Se não for água, a NASA não consegue explicar que jatos são estes.

A especialista em geologia e atmosfera do Instituto de Tecnologia de Georgia (Atlanta), Britney Schmidt, alerta que há várias formas de a água do oceano interior chegar à superfície da Europa, uma delas é a existência de fissuras.

Do lado do Hubble, como foi referido, os dados captados estão no limite da capacidade do veterano telescópio espacial. Mas, realçou Jennifer Wiseman, chefe de projeto do Hubble do Goddard Space Flight Center, a partir de 2018 o telescópio espacial James Webb poderá fazer observações mais detalhadas.

Vida não é uma certeza

A terminar a conferência, Paul Hertz, diretor de Astrofísica da NASA, fez questão de sublinhar que a existência de água em estado líquido não é necessariamente sinónimo de vida. Mas tal como sabemos do nosso planeta, este é sem dúvida um "ingrediente" que aumenta a possibilidade de ali se encontrarem formas de vida, a nível bacteriano ou mais evoluída.

A própria Europa é neste momento o local do nosso sistema solar onde há mais probabilidades de se descobrir vida. Tem dez vezes mais oxigénio do que hidrogénio, tal como na Terra. Dois elementos que lá são conseguidos graças ao oceano, provavelmente salgado, enquanto no nosso planeta a atividade vulcânica é a grande responsável pela sua produção.

No caso da lua de Júpiter, o oxigénio e o hidrogénio podem resultar da intensa radiação que o planeta emana e que ao chegar à Europa divide as moléculas de água separando os átomos de oxigénio dos de hidrogénio.

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