Napolitano e Berlusconi em rota de colisão

Presidente critica ataques do chefe do Governo às instituições judiciais e a direita divide-se, com o poderoso Gianfranco Fini a manter distância <br />
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A classe política italiana reagiu ontem com indignação às afirmações da véspera de Silvio Berlusconi. No congresso do Partido Popular Europeu, em Bona, o primeiro-ministro fez duras críticas aos magistrados. O Presidente Giorgio Napolitano considerou que se estava perante um "violento ataque às instituições" e o conservador Gianfranco Fini, principal aliado político de Berlusconi, reagiu de forma prudente, o que indica divisões na direita.

Berlusconi fez o seu discurso perante outros líderes de partidos conservadores europeus, suscitando alguma estupefacção. Na essência, o primeiro-ministro italiano (que chefia uma maioria parlamentar) explicou que a soberania em Itália passou do Parlamento para um "partido da justiça". A irritação de Berlusconi dirigia-se ao Tribunal Constitucional, que em Outubro rejeitou uma lei que dava imunidade ao chefe do Governo.

"Foram lançados 103 processos contra mim, 913 juízes interessaram-se em mim, recebi 587 visitas da polícia, 2520 audiências", disse Berlusconi. A esquerda "inventa calúnias em todos os azimutes ", acrescentou, ao explicar que a direita italiana é vítima de uma campanha dos juízes.

A indignação não se fez esperar: o Corriere della Sera, na sua edição de ontem, mostra uma fotografia com um bilhete de Fini (presidente do Parlamento) ao líder centrista (oposição) Pierferdinando Casini. "Veramente Bravo", está escrito na nota. Casini tinha acabado de criticar os ataques de Berlusconi aos magistrados e dissera que a "defesa corporativa" levaria a uma situação "insustentável" . Ao receber a nota de Fini, o líder da UDC agradeceu com um gesto. Em público, Fini contestou Berlusconi e pediu ao primeiro-ministro para "clarificar" o que dissera. Este respondeu de imediato, dizendo que "está farto de hipocrisias" e "não há nada para clarificar".

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