Não viu aquele filme? Eis uma segunda oportunidade
Nos últimos 12 meses, houve mais vida nas salas de cinema para além de La La Land - Melodia de Amor, que pôs meio mundo a cantar City of Stars... Filme em voga no início do ano, que recebeu prémios em catadupa, 14 nomeações para os Óscares (de onde saiu vitorioso o mais jovem realizador de sempre, Damien Chazelle), este é um dos títulos óbvios a constar agora num programa estival, designado Um Ano de Cinema(s), do Espaço Nimas, em Lisboa, que se propõe recuperar as conquistas de crítica e de público ao longo do último ano.
Assim, a partir de amanhã e até 16 de agosto, esta será a sala que acolhe mais de 50 filmes campeões tanto do lado da opinião especializada como dos espectadores (mesmo que nem sempre tenham sido coincidentes), dando nova oportunidade para os ver ou rever.
Entre a vasta colheita descobrimos Moonlight, de Barry Jenkins, essa delicada e subtil crónica de crescimento de um jovem, no cenário específico da comunidade afro-americana, que se consagrou melhor filme na última edição dos Óscares, depois de um gigantesco percalço da organização com os envelopes do vencedor.
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Protagonistas dessa cerimónia dos prémios da Academia é o que não falta nesta lista imperiosa, onde encontramos também o belíssimo drama Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan (pelo qual Casey Affleck foi distinguido como melhor ator), O Herói de Hacksaw Ridge, de Mel Gibson, Hell or High Water - Custe o Que Custar!, de David Mackenzie, e O Vendedor, do iraniano Asghar Farhadi, um thriller dramático fundamental que valeu a segunda estatueta dourada ao realizador.
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Por sua vez - e se tomarmos como critério básico de divisão os filmes cuja visibilidade mediática ficou ligada aos Óscares e "os outros" - não falta fascínio deste lado da barricada. Um dos exemplos fortes é Silêncio, de Martin Scorsese, a ausência mais gritante das escolhas da Academia, um dos grandes filmes deste ano, que adapta o livro homónimo de Shusako Endo sobre três padres jesuítas portugueses no Japão do século XVII.
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Destaques ainda para Milagre no Rio Hudson, de Clint Eastwood, e Café Society, de Woody Allen, cineastas da velha guarda a que se juntam, neste panorama americano, James Gray, com a aventura do explorador Percy Fawcett em A Cidade Perdida de Z, os independentes Whit Stillman, com a comédia de costumes Amor e Amizade (já amanhã), Michael Almereyda, com Experimenter, sobre o psicólogo Stanley Milgram, e Ira Sachs, com o sublime retrato de uma amizade juvenil que é Homenzinhos.
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Da mesma maneira, este tem sido um ano relevante para os portugueses. O ciclo reflete-o ao devolver aos grandes ecrãs, por exemplo, O Ornitólogo, de João Pedro Rodrigues, São Jorge, de Marco Martins, o noir Ornamento & Crime, de Rodrigo Areias, e o documentário Paula Rego, Histórias & Segredos, de Nick Willing (mesmo não sendo uma produção portuguesa). Por falar em documentário, eis de regresso também um dos títulos capitais da temporada: Eu Não Sou o Teu Negro, de Raoul Peck, alicerçado na escrita afinadíssima de James Baldwin.
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E porque a variedade geográfica fala alto, há ainda dois títulos essenciais da cinematografia romena - O Tesouro, de Corneliu Porumboiu, e O Exame, de Cristian Mungiu - para além de Francofonia, do russo Sokurov, ou Aquarius, do brasileiro Kleber Mendonça Filho, com Sonia Braga (talvez o equivalente do "poder feminino" de Ela, com Isabelle Huppert, igualmente no cartaz).
A lista é enorme e começa a contagem decrescente amanhã, precisamente, com um fôlego feminino, através de A Academia das Musas, do catalão José Luis Guerín.
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Os bilhetes têm o custo de 5 euros, e o programa completo, com os dias e horários, pode ser consultado aqui..