Não serei o Joschka Fischer de um Governo de Sócrates

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Contempla a hipótese de coligação com o PS, por exemplo em Lisboa, nas próximas autárquicas?

Estamos apostados em discutir uma política para a cidade e em derrotar o Governo de alto a baixo nas próximas eleições. Apresentaremos candidaturas com esse objectivo e acreditamos que é possível vencer o Governo em Lisboa, Porto, Coimbra, Sintra e outras e fazer disso a primeira eleição em que os portugueses têm o direito a votar contra este Governo. Lisboa tem uma situação particular, mas há outro lugar onde uma aproximação das forças de esquerda é indispensável: o Funchal. Uma grande aproximação das forças de esquerda permitiria vencer, pela primeira vez, Alberto João Jardim. Já o propusemos nas anteriores eleições, mas o PS preferiu coligar-se com o PP. Mas o que registamos é que, até agora, em Lisboa há um lavar de roupa suja entre o PS e o PC a propósito da coligação. Têm que acertar as contas previamente. Caso contrário, qualquer debate futuro fica contaminado por quezílias e mercearia de lugares e nós não aceitamos ser parte desse jogo.

Nas legislativas, se o PS precisar do BE para formar governo, estariam dispostos a passar a essa fase?

Esse tema vai ser discutido na próxima convenção do Bloco, em Março. Nas legislativas vão discutir-se projectos de governação do País e o BE deve apresentar o seu próprio projecto. Nas questões estratégicas centrais - serviços públicos (na educação e na saúde), política europeia, combate ao desemprego, compromisso de revogação das leis antipopulares, o BE deve apresentar as suas propostas, diferentes das do PS. Só deveremos assumir responsabilidades de Governo se as nossas propostas tiverem o apoio suficiente da população.

Não teme os efeitos da bipolarização?

Foi com fortíssima bipolarização que aumentámos o número de deputados, que tivemos 5 por cento nas europeias e elegemos Miguel Portas, Hoje, o BE é um partido que vence a bipolarização porque há um sector importantíssimo da população portuguesa que desconfia do PS e tem boas razões para isso. Podemos criar entendimentos parlamentares. Não participaremos naturalmente num Governo que corresponda a uma base estratégica contraditória com aquela com que nos comprometemos.

Francisco Louçã não será então o Joschka Fischer de José Sócrates?

Pode ter a certeza absoluta que não.

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