Não haverá segunda oportunidade

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O Orçamento do Estado deverá ser entregue na Assembleia da República na próxima segunda-feira. Empresas e famílias estão ávidas de informação acerca do que aí vem em termos de ajudas de Estado, para combater a crise, e em termos de fiscalidade.

As preocupações são infindáveis. O turismo não recuperou o que precisava durante o verão, as indústrias pedem mais exportações (cairam 1,4% em agosto comparando com igual mês do ano passado, em julho a quebra homóloga tinha sido de 7,1%, segundo o Instituto Nacional de Estatística), as startups falam de congelamento dos investidores, as famílias sofreram cortes de rendimentos por efeito do lay-off e temem o desemprego a curto prazo.

Outubro será o mês negro para muitas famílias, que poderão sofrer com despedimentos coletivos que se anteveem para esta altura. É urgente que os apoios à manutenção do emprego se efetivem no terreno, que saiam das gavetas dos decisores diretamente para as fábricas, serviços e outras áreas de atividade que foram altamente impactadas pela pandemia de covid-19.

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital disse aqui, na semana passada, que este será um Orçamento contracíclico e expansionista. Os portugueses querem saber como e em que dimensão. E pedem três (entre muitas) coisas: que os setores e os players apoiados não sejam sempre os mesmos, que a transparência impere e que, de uma vez por todas, os ministérios atuem em rede e não em quintinhas, em prol de um país melhor.

Os portugueses querem saber também de que forma as bandeiras nacionais e europeias da digitalização, da descarbonização e da mobilidade podem fazer a diferença nas suas vidas, criar empregos, melhorar a produtividade, aumentar a competitividade das empresas e do país e reter os jovens mais talentosos em território nacional.

Além de um Orçamento expansionista, em 2021 chegarão também os fundos europeus para a recuperação económica. A forma como serão definidas as prioridades de investimento requer um sentido de Estado e de serviço público ímpar. Não haverá segunda oportunidade para injetar dinheiro fresco na economia. Não haverá segunda oportunidade para modernizar e transpor as empresas para a era 4.0. Não haverá segunda oportunidade para recapacitar a população de forma que tenha empregabilidade no futuro. Não haverá segunda oportunidade para receber mais de 13 mil milhões de euros de uma assentada, com guidelines bem definidas.

É preciso ter também presente que Portugal não será o único e aproveitar este balão de oxigénio dentro da União Europeia. A alocação prevista por Bruxelas atribui 560 mil milhões de euros aos 27 países, com mais 185 mil milhões a distribuir pelos fundos comunitários. A concorrência é grande e não podemos dormir na forma.

Jornalista

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