Não há patos mas a casa de Paula Rego está em festa
Com a chegada do Verão, as seis ninhadas de patos que viveram no jardim da Casa das Histórias de Paula Rego voaram para outro lugar, mas essa ausência não diminui o interesse de 160 mil visitantes que já "pousaram" neste museu de Cascais que comemora amanhã o primeiro aniversário.
Se os patos não teriam interesse para a história de outros museus, na Casa de Paula Rego a situação é diferente, pois a pintora faz questão de afirmar que "as histórias são mais importantes do que os quadros". É esse embrião, aliás, que faz com que a pintora venha a Portugal frequentemente para absorver nos contos tradicionais, que lhe preencheram a infância vivida nosso país, as histórias das maldades que os homens faziam às mulheres, as meninas violentadas e os meninos a receberem reguadas dos mestres das escolas.
Paula Rego não estará este fim de semana na Casa das Histórias mas a programação é-lhe parcialmente dedicada; ao marido e pintor Victor Willing e a outras mostras, que podem ser usufruídas numa visita ao museu - que tem entrada gratuita - e aos jardins onde outras aves têm feito residência.
Para além da programação própria para as comemorações do primeiro aniversário da Casa das Histórias Paula Rego, os visitantes podem [re]descobrir o espaço interior concebido pelo arquitecto Souto Moura e contribuir para as estatísticas que colocam esta área museológica como uma das muito visitadas a nível nacional. Para se poder fazer uma comparação, basta ver que o recordista Museu dos Coches - que tem entrada paga - contou com 200 mil visitantes em 2009 enquanto a Casa das Histórias se aproxima das 160 mil entradas no seu primeiro ano de vida.
O segredo do sucesso da Casa das Histórias passa em muito pela curiosidade no que respeita à obra da pintora. Segunda a directora Helena de Freitas, "as pessoas procuram a Casa para conhecer a obra de Paula Rego e descobrir a mulher e o universo que lhe está associado". Entre os temas que inspiram o trabalho da pintora estão, diz, "assuntos muito actuais que demonstram a sua capacidade de intervenção na sociedade, como foi o caso das exposições sobre o aborto e a excisão". Explica que esse trabalho reproduzido sob "forma plástica em torno de questões que nos preocupam mostra uma capacidade criadora extraordinária e cria uma grande repercussão em quem o vê".