Músicos portugueses com mil espetáculos no estrangeiro
Os dados foram avançados pelo promotor António Guimarães na conferência em Lisboa, sustentando, assim, a potencialidade da música nacional em palcos internacionais.
O promotor afirmou que é no mercado internacional que está parte da solução para a sobrevivência da música portuguesa e onde há maior possibilidade de crescimento.
"Cerca de 30 por cento das receitas dos artistas já são das exportações. Antes eram de apenas 10 por cento", adiantou o responsável.
Na conferência hoje em Lisboa estão reunidos agentes, promotores e produções musicais em torno da ideia de exportação e internacionalização da música portuguesa.
António Guimarães apelou a um entendimento entre várias entidades para atingir esse objetivo de exportação e que envolva, por exemplo, a Direção Geral das Artes, o Instituto Camões, a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Sociedade Portuguesa de Autores.
"Precisamos de apoios públicos e privados e têm que ser diferenciados. Temos direito a eles, porque até hoje nunca os tivemos", disse, elogiando a existência de "talento, originalidade sonora, bons estúdios, bons produtores e capacidade organizativa".
"Só nos falta uma estratégia", disse.
Para a conferência foram convidados, por exemplo, o diretor-geral das Artes, Samuel Rego, que apresentou alguns dados já conhecidos sobre o programa de internacionalização.
O compositor António Pinho Vargas falou sobretudo da inexistência de um programa de exportação da música erudita portuguesa, lamentou-se da "incultura das elites" e da "incapacidade negocial" que faça vingar a produção nacional no estrangeiro.
O economista Augusto Mateus, responsável pelo estudo do impacto económico das indústrias criativas, sublinhou que é necessário uma estratégia conjunta de promoção da música portuguesa fora de portas.
"Portugal não se pode afirmar internacionalmente sem prioridades, sem estratégia (...). Precisamos de uma enorme plataforma de união da comunidade criativa, dos criadores", defendeu o economista.
Augusto Mateus sublinhou ainda que é preciso "formar públicos" e ter capacidade para "trazer consumidores" para os produtos portugueses.