Música Viva abre com Stockhausen e percorre a cidade ao longo de um mês
A estreia portuguesa da obra Trans (de 1971), para orquestra e fita magnética, de Stockhausen (21.00, Grande Auditório da Gulbenkian), marca hoje o arranque do XII Festival Música Viva, certame anual organizado pela Miso Music e dedicado à música electrónica, à electroacústica e informática musical. Este concerto terá uma primeira parte preenchida com obras de Carlos Caires, Pedro Rocha e Ligeti (Ramifications), com direcção de Pedro Pinto Figueiredo, assumindo Pedro Amaral, na segunda parte, a interpretação de Trans. Toca a Orquestra Gulbenkian, estando a projecção sonora a cargo de Miguel Azguime, director artístico do Festival.
Esta edição prolonga-se por cinco semanas (até 27 de Outubro), com os eventos distribuídos por cinco locais diferentes: Fundação Gulbenkian (hoje), CCB (19, 21 e 24-27/10), Instituto Franco-Português (28-30/9), Teatro Maria Matos (20/10) e Mosteiro dos Jerónimos (13/10). Um total de onze concertos (sempre às 21.00), a que se somam oito "récitas" de "teatro electroacústico" (quatro contos narrados, com som e imagem) dirigidas ao público infantil e que decorrem entre os dias 24 e 27 de Outubro, às 10.30 e às 11.30 (CCB-Sala de Ensaio).
No final, terão sido dadas a ouvir 50 obras, das quais 20 da autoria de 16 diferentes autores portugueses. Far-se-á um total de 17 estreias absolutas e outras 23 obras terão a sua estreia portuguesa neste Festival. Sete das estreias resultam de encomendas da Miso Music aos compositores Patrícia Sucena Almeida (27/10), João Madureira (26/10), Bruno Gabirro (29/9) e a Isabel Pires, Simão Costa, António Ferreira e Miguel Azguime (autores dos contos do "teatro electroacústico"). Outras quatro inscrevem-se nas obras premiadas do 7.º Concurso de Composição Electroacústica (1.ª parte do concerto de dia 28).
Dos consagrados, destaque-se de novo Stockhausen, porque terá outra obra emblemática interpretada neste Festival: falamos de Stim- mung, para seis vozes a cappella, escrita no início de 1968, nos Estados Unidos. Interpretação a cargo do agrupamento inglês Singcircle, no cenário - bem apropriado - do Mosteiro dos Jerónimos.
Também se ouvirá UR, do finlandês Magnus Lindberg e Harmónicos, de Jorge Peixinho (19/10), Winter Fragments, de Tristan Murail e Lichtbogen, de Kaija Saariaho (ambos no concerto de 20/10) e Itinerário de Luz, do espanhol Enrique X. Macías (dia 27/10). Destaque merece ainda a estreia de Cicero Dixit, de Christopher Bochmann (Peq. Auditório do CCB, dia 25/10).
Programa e intérpretes
Após o concerto de hoje, o Música Viva dedica os dias 28 e 29 a masterclasses, conferências e concertos pela Orquestra de Altifalantes, tendo por núcleo os compositores François Bayle e Morton Subotnick. Dia 30, nova projecção por altifalantes de obras de Robert Cahen.
Depois de Stimmung, o Festival prossegue dia 19 com um concerto pela OrchestrUtopica intitulado Shock!!, com Carlos Caires na electrónica e Guillaume Grosbard no violoncelo. No dia seguinte, é a vez do Ensemble 20/21 se apresentar sob a direcção de Pedro Pinto Figueiredo, e com Jean-Marc Sullon na electrónica.
Dia 21, faz-se a estreia portuguesa da ópera multimédia Itinerário do Sal, de Miguel Azguime, pelo Miso Ensemble. Paralelamente ao referido teatro electroacústico decorrerão os últimos três concertos do Música Viva: dia 25, pela Orquestra Sinfónica Juvenil e Coro Odyssea (com direcção do maestro Christopher Bochmann). Cabe ao Ensemble L'Itinéraire fechar o Festival, com dois concertos (dias 26 e 27) sob a direcção de Guillaume Bourgogne e a presença de novo, na electrónica, de Jean-Marc Sullon.
Bilhetes a dois, cinco e 10 euros.