Música antiga italiana na terra dos Gamas
No fim de semana que encerra a 18.ª temporada, o Festival Terras sem Sombra desloca-se a Sines e tem como "cabeça de cartaz" um concerto do ensemble Il Giardino Armonico, de Milão, sob a direção de Giovanni Antonini, nome maior da música europeia. O concerto realiza-se no próximo sábado, 22, às 21.30, no Centro de Artes de Sines. Fundado na década de 1980, em Milão, Il Giardino Armonico é essencialmente um ensemble barroco de referência mundial, que interpreta sobretudo repertório nos séculos XVII e XVIII. No concerto de Sines, intitulado "Con Affetto: Emoção e Razão na Música Italiana do Século XVII", marcam presença Stefano Barneschi, Marco Bianchi (violino), Paolo Beschi (violoncelo) e Riccardo Doni (cravo), num programa que inclui peças de Tarquinio Merula, Dario Castello, Alessandro Scarlatti, Antonio Vivaldi, entre outros autores da mesma época.
Antecedendo o concerto, a tarde de sábado será dedicada ao património cultural, com a realização da visita guiada (com início às 15h00) "Saxa Sacra: Monumentos Megalíticos de Monte Chãos". Esta iniciativa, com ponto de encontro no Museu de Sines, propõe uma "viagem" ao período do Calcolítico, ao terceiro milénio a.C. e a um povoado único, situado na zona mais alta dos arredores da cidade, Monte Chãos. A partir de Monte Novo, domina-se toda a baía de São Torpes, numa zona com condições naturais de defesa, mas que se destacou pelas estruturas de cariz religioso, nomeadamente um cromeleque, um santuário rupestre e uma necrópole. A atividade é orientada pelos arqueólogos Mário Varela Gomes e Anabela Joaquinito.
No âmbito da biodiversidade, o Terras sem Sombra leva a cabo, domingo, 23 de outubro, às 9.30, a ação "Onde o Atlântico e o Mediterrâneo se encontram: O Montado e o Sobreiral de Nascedios do Moinho", numa visita a esta herdade, perto da Sonega. Um território que tem a particularidade de apresentar sobreiros em três contextos: sobreiral, atualmente difícil de encontrar na região; montado espontâneo, há muito afeiçoado pelo homem, a partir do legado natural; e a moderna plantação de sobreiros (montado planeado). Oportunidade, também, para responder à pergunta: porque morrem os sobreiros? A iniciativa tem a orientação de Paulo Maio, Pedro Serafim e Pedro Pacheco Marques (engenheiros florestais) e João Dimas (técnico florestal), com ponto de encontro no Museu de Sines.
Em fim de semana de despedida de mais uma temporada, o Festival Terras sem Sombra apresenta, como tem vindo a ser hábito, uma iniciativa associada (Onde a Vida Acontece), destinada (mas não só) a um o público infanto-juvenil, Na Escola de Artes de Sines, às 16h30, realizar-se-á um recital pela pianista húngara Kinga Somogyi, sob o tema "O Voo do Piano: Música Europeia (e não só) dos Séculos XIX-XXI". Numa atividade que faz a ponte entre dois mundos que se complementam, o projeto Onde a Vida Acontece apresenta uma iniciativa sobre Arte, História e Tradições, na manhã de sexta-feira (10h00), com ponto de encontro no Museu de Sines. "Viver no Campo: A Ruralidade à Porta da Cidade" leva os participantes a refletirem sobre o papel do mundo rural numa comunidade hoje predominantemente urbana. Nesta 18ª edição, que se iniciou em Setembro, o Festival Terras sem Sombra passou ainda por Odemira, Mourão, Montemor-o-Novo, Vidigueira, Santiago do Cacém, Mértola, Arraiolos, Alter do Chão, Beja, Castelo de Vide e Ferreira do Alentejo.