Museu conta história dos judeus que vieram de Portugal
O principal foco das futuras exposições do museu será a imigração dos judeus ao Brasil. "Vamos abordar desde a chegada dos portugueses, com Pedro Álvares Cabral [em 1500], até todas as ondas imigratórias judaicas, passando pelos holandeses, pelo holocausto e pelos judeus árabes, mais recentemente", afirmou a diretora do museu, Rosaly Chansky, à Lusa.
O acervo cronológico sobre a presença dos judeus no Brasil também deverá englobar os imigrantes que chegaram a São Paulo na década de 1920, a imigração marroquina para a Amazônia brasileira e a imigração russa para o sul do país.
O motivo das migrações mudou no decorrer do tempo. Os primeiros, por exemplo, saíram de Portugal para a então colônia devido à Inquisição. Já a imigração do século 19, para a Amazônia, foi atraída pelo auge do ciclo da borracha na região.
Nas futuras exposições também haverá espaço para a arte judaica e para o judaísmo no mundo. Chansky, que participa do projeto desde 2005, afirmou que já há projetos pensados, com a cessão de peças de coleções de outras cidades, como Berlim. O museu também possui seu acervo, que chega a 700 objetos, parte deles do período da Segunda Guerra.
Diferentemente de cidades como Berlim ou Nova York, São Paulo não possui um museu judaico. Em 2000, a ideia foi formalizada com a Associação de Amigos do Museu Judaico, e, desde então o projeto começou a ser desenhado.
O museu irá funcionar na sinagoga Beth-El, no bairro dos Jardins, construída entre 1929 e 2932 e, atualmente, considerada património histórico municipal.
Será aproveitado o espaço da sinagoga para as exposições, e está a ser construído um prédio anexo de quatro pavimentos, moderno e em vidro, desenhado pelo escritório Botti Rubin Arquitetos.
O novo edifício abrigará, além espaços para mostras, a administração do local e o restaurante, e deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2016.
O investimento necessário para a abertura do museu é de 25 milhões de reais (7,8 milhões de euros), afirmou Chansky. O projeto conta com o recurso de leis de incentivo cultural.
Enquanto não possui sede própria para exposições, a associação responsável realiza mostras judaicas em outros locais, como o Museu Brasileiro de Escultura (MUBE).