Municípios da AML já podem analisar os seus dados bioclimáticos em tempo real

Clima.AML é o nome da plataforma que permite aos 18 concelhos da Área Metropolitana Lisboa analisar os seus dados bioclimáticos. A informação é fornecida através de pequenos aparelhos colocados em diversos pontos, que é depois transmitida online.
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Com o objetivo de oferecer aos municípios da Área Metropolitana de Lisboa melhor e maior variedade de dados, foi criada a plataforma online Clima.AML, que está a funcionar desde 1 de janeiro de 2022. É a partir das estações, pequenos aparelhos colocados nos 18 concelhos desta região, que são fornecidos dados específicos e mais localizados sobre a meteorologia. Frederico Metelo, consultor da AML e coordenador operacional do projeto que desenvolveu as estações, faz um balanço positivo desta iniciativa que tem como entidade financiadora a EEA Grants, uma vez que a procura de informação, através do site clima.aml.pt tem sido "muita". "Temos algo como cinco mil utilizadores individuais", revela.

Estas estações meteorológicas são alimentadas a energia solar e medem a precipitação, o vento e a sua direção, a humidade e a temperatura. "Temos já três estações que medem a radiação UV, em Vila Franca de Xira, Almada e Setúbal, além de um router e um data logger, que comunicam com o nosso servidor que estão num raio de 100 metros de distância de cada estação", acrescenta, revelando que a comunicação é feita "com uma rede de dados móveis 5G e IP-fixo para não haver falhas de ligação", tendo assim "100% de garantia" de que comunicação é permanente, permitindo que a estação esteja "sempre a recolher e a publicar dados", algo que não é possível com wi-fi, que "tem tido muitas quebras."

A preocupação ambiental foi o que motivou o Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas da Área Metropolitana de Lisboa (PMAAC-AML) a desenvolver a plataforma Clima.AML, que oferece uma rede com "dados mais locais", evitando que alguns municípios tenham de ir aos concelhos vizinhos para fazer "o levantamento do cenário bioclimático". "Por exemplo, para conseguir montar e construir o seu cenário bioclimático, o município de Loures tinha que ir buscar dados à estação de Alverca ou à da Gago Coutinho [Lisboa]. Portanto, não tinha dados locais. No fundo, foi este o gatilho que nos fez querer levar estas estações aos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa", explicou Frederico Metelo.

"Os municípios têm agora acesso aos dados em tempo real e podem consultar dois estudos: um sobre os indicadores climáticos, interligado ao nosso sistema de aviso e alerta meteorológico, para o qual são utilizados 16 micro-sensores, além das 18 estações; outro estudo sobre a ilha de calor urbano que está a ser elaborado pela Faculdade de Ciências, que compara a temperatura de uma área urbana à de um jardim ou parque, localizado num raio de 250 metros, que depois dão valores muito úteis, permitindo aos municípios prever quais as espécies de árvores ou plantas que atenuam melhor o calor", explica o consultor.

Frederico Metelo revela ainda que os municípios estão a dar cada vez mais importância às estações meteorológicas, ao ponto de, por exemplo, Mafra já ter comprado seis, Sintra duas e Palmela querer instalar uma segunda, uma tendência que deverá ser seguida pelos restantes concelhos da AML: Almada, Alcochete, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Oeiras, Odivelas, Moita, Montijo, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Vila Franca de Xira. No entanto, os horizontes podem não ficar pela região de Lisboa. "Gostava que nos expandíssemos para a Área Metropolitana do Porto, mas lá chegaremos", disse, esperançado.

Este é, afinal, um projeto que promete "crescer muito, também graças a um processo de desenvolvimento muito interessante", de acordo com Carlos Humberto de Carvalho, primeiro secretário da AML, justificando que tal se deve "a uma grande participação dos municípios, de múltiplas entidades da vida social e política, abrangendo setores áreas como a agricultura, entre outras". "Na prática, foi um processo de construção que acabou por ser também de sensibilização", frisou

A pensar no futuro, o investimento está agora a ser canalizado para a "densificação e modernização da rede" através da instalação de "sensores UV em todas as estações". "Tudo porque queremos que os dados estejam acessíveis a todos de forma totalmente gratuita", finalizou Frederico Metelo.

dnot@dn.pt

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