Mundial feminino vai começar. Os favoritos, as curiosidades e as estrelas

Torneio arranca esta sexta-feira em França e termina a 7 de julho. Estados Unidos são teoricamente a seleção mais forte, mas a Alemanha promete dar luta. Brasil vai ter Marta, seis vezes considerada a melhor do mundo.
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O Mundial feminino arranca esta sexta-feira em França e prolonga-se até ao dia 7 de julho. A equipa dos Estados Unidos, vencedora das edições de 1991, 1999 e 2015, parte como grande favorita entre as 24 seleções que vão estar em prova distribuídas por seis grupos. Mas há outras formações que prometem dar luta às norte-americanas.

Na equipa dos EUA, treinada por Jill Ellis, destacam-se alguns nomes, como a experiente Alex Morgan, a melhor marcadora na qualificação da CONCACAF, com sete golos, ou Carli Lloyd, eleita a melhor jogadora do mundo em 2016 e segunda em 2017. Na fase de grupos, os EUA não devem ter à partida grandes dificuldades em conseguir o apuramento num grupo que tem ainda a Suécia (nona do mundo), Chile (39.ª) e Tailândia (34.ª).

Uma das seleções que promete dar luta às norte-americanas é a Alemanha, campeã mundial em 2003 e 2007, e campeã olímpica em 2016, que está no segundo lugar do ranking mundial e integra o Grupo B juntamente com com China (16.ª), Espanha (13.ª) e África do Sul (49.ª). Na seleção germanica a figura é Dzsenifer Maroszan, que venceu um Campeonato da Europa e foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Mas há ainda a avançada Alexandra Popp, que já foi considerada a melhor jogadora da Alemanha em duas ocasiões.

Depois há ainda noutro patamar a França (quarta classificada do ranking), anfitriã e país das tetracampeãs europeias (O. Lyon), de onde se destaca a médio Amandine Henry, capitã da seleção gaulesa. E também a Inglaterra (terceira do ranking), terceira classificada em 2015, Japão (sétimo), campeão mundial em 2011 e vice-campeão em 2015, e a Holanda (oitavo), campeã europeia, que tem como grande figura Lieke Martens.

Campeã mundial em 1995, a Noruega (12.ª do ranking) não contará com aquela que atualmente é considerada a melhor do mundo e a grande baixa neste Mundial, a avançada Ada Hegerberg. A jogadora de 23 anos, autora de um hat-trick em 16 minutos na final da Liga dos Campeões, foi eleita Bola de Ouro em 2018 e terceira no prémio FIFA, mas renunciou à seleção por entender que as mulheres na Noruega ainda não têm o mesmo tratamento que os jogadores masculinos.

A seleção brasileira, vice-campeã mundial em 2007, mantém nas suas fileiras a avançada Marta, 33 anos, eleita a melhor do mundo em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018, e ainda a médio Formiga, um ícone do futebol feminino brasileiro e que aos 41 anos estará no seu sétimo Mundial, um recorde.

No conjunto canarinho (13.º), treinado pelo selecionador Vadão e que competirá na fase de grupos com Itália (15.ª), Austrália (6.ª) e Jamaica (49.ª), destaque ainda para as presenças da defesa Tayla e da avançada Geyse, jogadoras que atuam no Benfica.

Do futebol português estará mais uma representante, com a Nigéria a contar com a médio Uchendu, futebolista do Sporting de Braga. Outras presenças lusas são as de Sandra Bastos, a primeira árbitra portuguesa num Mundial feminino, e Tiago Martins, que estará no videoárbitro, numa competição que terá pela primeira vez a 'ajuda' tecnológica.

A seleção espanhola, apesar de não estar entre as favoritas, está muito bem representada neste Mundial. Das 552 jogadores que vão participar no torneio, 52 atuam em equipas do país vizinho, ou seja, quase 10%. Neste capítulo, a Espanha é apenas superada pelos EUA, com 73 jogadoras, das quais 17 pertencem a equipas universitárias. O Barcelona, por exemplo, tem 15 jogadoras no torneio (é a equipa mais represebtada), repartidas entre cinco das 24 seleções: 10 espanholas, duas holandesas (Martens e Van der Gragt), uma inglesa (Toni Duggan), uma brasileira (Andressa Alves) e uma nigeriana (Asisat Oshoala). Depois do Barcelona surfe o Olympique de Lyon (14), o Manchester City e o Chelsea (12 cada).

Para os oitavos de final do Mundial apuram-se os dois primeiros classificados de cada grupo, mais os quatro melhores terceiros. Caberá, como é tradição, ao país anfitrião, a França, dar o pontapé de saída desta nona edição, com as gaulesas a defrontarem já na sexta-feira a Coreia do Sul, no Parque dos Príncipes, em Paris.

A Alemanha entra em ação no sábado, em Rennes, diante da China, e os Estados Unidos entram pela primeira vez em campo na terça-feira, frente à Tailândia.

COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS

Grupo A: Noruega, França, Nigéria e Coreia do Sul.

Grupo B: Alemanha, China, Espanha e África do Sul.

Grupo C: Itália, Austrália, Brasil e Jamaica.

Grupo D: Inglaterra, Japão, Argentina e Escócia.

Grupo E: Canadá, Nova Zelândia, Holanda e Camarões.

Grupo F: Suécia, Estados Unidos, Chile e Tailândia.

CURIOSIDADES DE MUNDIAIS FEMININOS

A primeira seleção campeã

Apesar de a primeira edição de um Mundial feminino ter acontecido em 1991, existiu uma prova experimental em 1970, em Itália. O torneio recebeu o nome de Martini Rosso Cup, pois não era patrocinado pela FIFA. Em 1989, após o apelo de Ellen Wille, representante do Comité das Mulheres da Noruega, a FIFA deu então luz verde ao primeiro Mundial de futebol feminino, que se realizou na China. A seleção feminina dos Estados Unidos da América foi a primeira campeã do torneio após vencer a Noruega por 2-1. A Bota de Ouro, prémio para a melhor goleadora da prova, foi para Michelle Akers, que marcou dez golos, e a Bola de Ouro foi entregue a Carin Jennings.

Recorde de espectadores num jogo

Em 1999, o Mundial feminino realizou-se nos Estados Unidos. E ficou marcado pelo recorde de assistência batido num jogo entre mulheres, que ainda hoje perdura. No Estádio Rose Bowl, em Los Angeles, Califórnia, a final entre os EUA e a China teve 90.185 pessoas nas bancadas. Entre eles Bill Clinton, o presidente da altura. A equipa da casa venceu o torneio, num jogo que só foi decidido no desempate por grandes penalidades. Aliás, a boa lotação dos recintos foi uma constante, com a partida inaugural entre o EUA e a Dinamarca (3-0) a ser presenciada por 79.000 pessoas. As norte-americanos celebraram o segundo título da sua história e as contas finais confirmaram que a assistência total superou o milhão de espectadores, mais do dobro do que havia sido registado na China, oito anos antes.

A maior goleadora em Mundiais

Por mais estranho que possa parecer, o Brasil nunca conseguiu conquistar nenhum Mundial feminino. A melhor classificação das canarinhas foi um segundo lugar, na edição de 2007, sob o comando do treinador René Simões. Mesmo sem o troféu, o Brasil pode gabar-se de ter a melhor marcadora de sempre do torneio, a brasileira, que mesmo com 38 anos faz parte do elenco da equipa que vai disputar o Mundial em França. Eleita a melhor do mundo em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018, Marta tem um total de 15 golos marcados em fases finais de Campeonatos do Mundo - os mesmos que Cristiano Ronaldo. Caso aponte mais dois na prova que começa esta sexta-feira, ultrapassa Miroslav Klose, da Alemanha, o maior goleador da história de Mundiais com 16 golos.

A maior goleada da história

Na edição de 2007 do Mundial, realizada na China, registou-se a maior goleada da história do torneio. Foi num célebre jogo em que a Alemanha, logo na partida de estreia, goleou a Argentina por 11-0, no Estádio Hongkou. Aliás, este jogo foi o aperitivo para o que havia de suceder às duas seleções na prova. A seleção germânica acabou campeã e com o melhor ataque da prova - 21 golos. Já as sul-americanas foram a grande deceção do Mundial, terminado no último lugar do Grupo A, com zero pontos, 18 golos sofridos e apenas um marcados.

Outras curiosidades:

- A seleção com mais títulos mundiais conquistados é a dos EUA, com três conquistas: em 1991, 1999 e 2015. Em sete edições do Mundial desde a primeira oficial em 1991, os Estados Unidos nunca terminaram o torneio fora do pódio.

- A jogadora mais jovem a atuar num Mundial foi Ifeanyi Chiejine, avançada da Nigéria, que jogou no Mundial de 1999 com 16 anos e 34 dias.

- A jogadora mais jovem a disputar uma final foi Birgit Prinz, da Alemanha, em 1995, com 17 anos

- A jogadora mais jovem a marcar um golo numa fase final a russa Elena Danilova, com 16 anos

- O golo mais rápido foi marcado por Lena Videkull, da Suécia, apenas com 30 segundos de jogo decorridos, no Mundial de 1991.

- O maior número de golos já marcados numa edição de um Mundial foram 146 em 52 jogos, na prova de 2015.

- A guarda-redes que ficou mais tempo sem sofrer golos foi a alemã Nadine Angerer, com um total de 622 minutos. Foi a guardiã da baliza da seleção germânica no torneio de 2007 e nesta prova não sofreu qualquer golo.

- A Alemanha foi a seleção que mais vezes jogou sob o comando da mesma selecionadora: Silvia Neid, de 2007 a 2015 (foram três Mundiais com a mesma treinadora, que foi campeã em 2007 e ainda tem o mérito de ter conquistado o inédito ouro olímpico em 2016).

- A treinadora mais jovem a comandar uma seleção no Mundial foi Vanessa Arauz, do Equador, com apenas 26 anos de idade, na prova de 2015.

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