Mulheres receberam salários 20,5% inferiores aos homens no Brasil em 2018
Segundo o órgão de pesquisa, os dados que consideraram apenas pessoas entre 25 anos e 49 anos, mostram que a disparidade entre os rendimentos médios mensais de homens (2.579 reais, 593,68 euros) e mulheres (2.050 reais, 471,90 euros) ainda é de 529 reais (121,77 euros).
A menor diferença registada no país foi de 471,10 reais (108,45 euros) em 2016, quando as mulheres ganhavam 19,2% menos do que os homens.
O IBGE destacou que a diferença no rendimento médio entre os sexos é explicada pelo número de horas trabalhadas e pelo pagamento por hora.
As mulheres trabalham menos horas (37:54 horas) que os homens (42:42 horas), além de receberem 13 reais (2,99 euros) por hora trabalhada enquanto os seus pares masculinos recebem 14,20 reais (3,27 euros) por hora trabalhada.
"Este estudo mostra que a jornada média dos homens é cerca de 4:48 horas mais longa do que a exercida pelas mulheres. Verificamos isso todos os anos, essa diferença já foi de seis horas. É uma característica do mercado de trabalho, uma vez que isso indica apenas as horas nesse setor", explicou a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
"A menor jornada da mulher no mercado de trabalho está associada às horas dedicadas a outras atividades, como os afazeres domésticos e os cuidados com pessoas", completou a especialista.
Considerando-se a cor ou raça, a proporção de rendimento médio da mulher branca ocupada em relação ao do homem branco ocupado está em 76,2%.
Já entre mulheres e homens negros ou mulatos a diferença salarial é maior, de 80,1%.
Questões culturais e estruturais também afetam a participação das mulheres no mercado laboral do Brasil.
"De um total de 93 milhões de pessoas trabalhando com contrato de trabalho, apenas 43,8% (40,8 milhões) são mulheres, enquanto 56,2% (52,1 milhões) são homens", frisou o levantamento do IBGE.
"Na população acima de 14 anos, por exemplo, a proporção é bem diferente: 89,4 milhões (52,4%) são mulheres, enquanto 81,1 milhões (47,6%) são homens", segundo o órgão de pesquisa brasileiro.
Quando a comparação entre os rendimentos das mulheres e dos homens é feita de acordo com a ocupação, o estudo indica que a desigualdade é disseminada no mercado laboral.
"A mulher acaba tendo participação maior na população desocupada e na população fora da força de trabalho. Temos muitas procurando trabalho ou na inatividade, ou seja, não procuram emprego, por inúmeras questões", frisou Adriana Beringuy.
"O que temos nas ocupações é que de modo geral, na grande maioria, as mulheres ganham menos. Nas ocupações que selecionamos para o estudo, as mulheres ganham menos em todas. As maiores proximidades de rendimento ocorreram no caso dos professores, em que as mulheres recebiam 9,5% menos que os homens", concluiu a especialista do IBGE.