Mulheres chinesas realizam 13 milhões de abortos por ano

Factores. Política oficial do Governo de Pequim é uma das principais razões invocadas para a interrupção voluntária de gravidez. A grande maioria das mulheres tem entre 20 e 29 anos e não está casada
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A recusa em ter filhos do sexo feminino e falta de informação sobre métodos contraceptivos estão na origem dos cerca de 13 milhões de abortos realizados anualmente na China em comparação com os 20 milhões de nascimentos neste país.

Estes números foram divulgados ontem pelo diário chinês em língua inglesa China Daily, revelam que se realiza um aborto por cada 1,5 nascimentos e que o total de abortos equivale a cerca de 1% da população chinesa, actualmente 1300 milhões.

O número de 13 milhões envolve apenas os abortos em estabelecimentos de saúde, não abrangendo os ilegais nem a gravidez interrompida com recurso à "pílula do dia seguinte". Na origem deste número encontram-se uma deficiente educação em questões sexuais, ausência de qualquer método contraceptivo e uma questão cultural, que privilegia os nascituros masculinos em detrimento dos femininos. Este factor tem ainda maior peso, atendendo à política oficial que só permite um filho por cada família, em vigor desde finais dos anos 70. A conjugação de todos estes elementos leva a que existam mais 32 milhões de rapazes do que raparigas na China, de acordo com um estudo do British Medical Journal, de 2008.

A maioria dos abortos - 62% - são realizados por mulheres solteiras, na casa dos 20 anos. Um responsável da Comissão de Planeamento Familiar explicou ao China Daily que a principal razão invocada por estas mulheres é a ausência de condições para criarem as crianças sozinhas. O Estado chinês não permite às mulheres solteiras registarem os seus filhos; isto significa que é impossível o acesso à educação, saúde e outros aspectos que dependam de entidades oficiais.

Um investigador citado pelo China Daily referiu ser necessário "um maior ênfase na educação sexual nas universidades e mais informação a nível da sociedade". A maior parte dos 13 milhões de abortos surge associada a situação de gravidez não desejada.

Este número de abortos, ainda que elevado, não é dos mais altos no plano internacional. A China encontra-se a meio da tabela com uma taxa de 24 abortos por mil mulheres em idade fértil; a Rússia ocupa o primeiro lugar com 50 abortos por mil mulheres.

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