Muita ação gerará muita reação

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Ao longo dos tempos muitas figuras ganharam reconhecimento público devido aos motivos que reivindicaram. Por uma causa ou por outra, essas pessoas ficaram conhecidas como sendo "ativistas". De acordo com uma das suas definições, "atitude moral que insiste mais nas necessidades da vida e da ação que nos princípios teóricos", é indissociável do ativismo um certo evoluir da sociedade.

Não indo para além do século passado, e com recurso aos dados do Pew Research Center em Washington D.C., as gerações têm sido caracterizadas e denominadas com base num conjunto de fatores. Portanto, as gerações dos "Boommers" (1946-1964), "Generation X" (1965-1980), "Millenials" (1981-1996) e "Gen-Z" (1997-presente) não são exceção.

Por exemplo, os "Baby-Boomers" cresceram com o despontar da televisão e da força do poder da comunicação; a "Generation X" foi fortemente influenciada pela revolução tecnológica dos computadores; os "Millenials" desenvolveram-se num mundo já persuadido pela internet; enquanto para a "Gen-Z" a tecnologia é-lhe nativa e constrói grande parte do seu conhecimento por essa via.

A relevância das diferenciações entre gerações é imensa e ajuda a compreender as formas que cada uma adotou para se manifestar. Acima de tudo, o entendimento e enquadramento dos seus motivos é deveras relevante para não se cometer o pecado da "generalização" e com esse chegarem os juízos de valor infundados.

Portugal foi recentemente marcado por dois acontecimentos preconizados por "ativistas" e que merecem total condenação, tanto pelo seu despropósito como excesso. À luz dos mesmos, torna-se importante compreender algumas das diferenças essenciais entre "Millenials" e "Gen-Z".

Os "Millenials" são apologistas de formas de ativismo por consciencialização, como exemplificam o "Movember" ou o "Ice Bucket Challenge", entre outras iniciativas a que milhões acabaram por aderir.

Já os "Gen-Z" preconizam um ativismo que se destaca pela "ação". Por exemplo, no que respeita a uma empresa ou marca, não distinguem entre a ética da marca e a empresa que a detém ou a sua rede de parceiros e fornecedores. As ações dessa empresa têm de corresponder aos seus ideais e esses têm de premiar todo o sistema empresarial.

A questão que se coloca é que o ativismo surge de muitas e variadas formas. Por isso mesmo deve chegar à sociedade pela mão de organizações orientadas por valores, que por sua vez devem influenciar os outros stakeholders no sentido de os levar a ações concretas de mudança.

O mundo abarca no presente uma geração que lida com vários tipos de reação perante o ativismo. Existem os negacionistas, que ensaiam uma espécie de surdez perante os problemas; os que se encontram em estado de apatia perante as adversidades; os que reagem por impulso, recorrendo aos instintos mais primários; e por fim os que usam os mecanismos e tecnologia ao seu dispor para agir e gerar mudança.

Perante tal heterogeneidade, que conselhos se poderão afigurar?

Perante o radicalismo, deve ser fomentada a moderação de tom para evitar a hipoteca do futuro coletivo da geração atual ou das gerações vindouras; defronte ao negacionismo, é inteligente envolver com recurso aos temas que mais interessam e que dessa forma poderão influenciar uma visão diferente; diante de uma maioria apática, é preciso conseguir chegar à mesma para a mobilizar e receber contributos claros no sentido de construir um mundo melhor.

Já com a "Gen-Z", que usa os elementos da quarta revolução industrial, é preciso "empoderá-la" e continuar com ela a construir o caminho do futuro para que as suas muitas ações provoquem ainda mais reações positivas. Só desse modo se influenciará uma verdadeira mudança, com respeito pelo planeta e pelos mais importantes princípios gerais de Direitos Humanos.

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