Na saúde, não basta mudar o estatuto ou criar uma direção executiva para que no setor, de um momento para o outro e qual passe de mágica, surja o dinheiro que é preciso, os recursos humanos necessários, os equipamentos e a tecnologia que faltam, ou que, da noite para o dia, a gestão passe de besta a bestial. Criar um estatuto ou uma direção executiva - o primeiro-ministro, António Costa, quando aprovou o novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) falou na existência de um CEO - não basta. A alteração anunciada pelo governo ainda não é conhecida em detalhe e, acima de tudo, vai ser preciso providenciar os instrumentos de trabalho e de gestão para que o paradigma nos hospitais públicos e nos centros de saúde mude. E hoje, na situação deficitária em que está o SNS, mudar só não chega. É necessário melhorar as condições de trabalho dos profissionais e a qualidade dos serviços que são prestados aos contribuintes portugueses, que, convém nunca esquecer, pagam cada vez mais impostos..A promessa do governo é de "um melhor funcionamento dos serviços e resposta assistencial coordenada e funcionando em rede. Haverá uma maior autonomia de gestão, incluindo autonomia para a contratação de profissionais, que contribuirá de forma decisiva para melhorar o acesso aos cuidados de saúde", disse o primeiro-ministro. Acredita ainda que trará uma "maior motivação dos profissionais de saúde com a criação do regime de dedicação plena, os regimes excecionais de contratação e de trabalho suplementar e os mecanismos para fixar profissionais de saúde em zonas geográficas carenciadas". O bastonário da Ordem dos Médicos já veio dizer que não só não conhece o documento com as alterações, como levanta várias dúvidas..No Hemisfério Sul, Angola está de luto nacional por cinco dias, após a morte do ex-presidente José Eduardo dos Santos, aos 79 anos. Apesar de toda a polémica que tem envolvido a relação entre a sua mulher e as suas filhas e filho e de o povo estar dividido, bem como o seu partido, o MPLA, o antigo líder foi o arquiteto da paz e "um protagonista decisivo" na história daquele país irmão da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), como referiu ontem à tarde o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa já apresentou as condolências a João Lourenço, atual presidente de Angola. Os admiradores e os adversários do falecido vão lembrar "os seus erros", mas também "o facto de ter conduzido o país à paz", reconheceu ontem Rui Falcão, porta-voz do MPLA..Angola entra agora numa nova era. Que seja pacífica, próspera - e que essa prosperidade reduza a pobreza daquele povo irmão - e que seja uma nova etapa da história marcada pelo humanismo, transparência e uma melhor governance.