Mudar data da reunião foi "sinal de flexibilidade e força" da NATO
A conferência de imprensa estava marcada para as 14:15, mas eram já 15:10 quando Jens Stoltenberg entrou na Sala LUNS do quartel-general da NATO em Bruxelas. Questionado sobre a antecipação da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança para permitir a vinda do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, o secretário geral da NATO garantiu que a passagem de 5 e 6 de abril para 31 de março "é sinal da flexibilidade e da força da relação transatlântica", uma vez que todos os 28 Estados membros concordaram com a alteração.
Para Stoltenberg, a antecipação da reunião, que serve de preparação para a reunião de chefes de Estado e do Governo a 25 de maio, na qual deverá participar o presidente Donald Trump, também é "sinal da importância que os EUA dão" à Aliança Atlântica. Isto apesar de a Casa Branca ainda não ter nomeado um embaixador para a NATO.
Quanto ao que espera ouvir de Rex Tillerson amanhã, Stoltenberg mostrou-se convicto que a mensagem vai ser semelhante à deixada pelo vice-presidente Mike Pence e pelo secretário da Defesa James Mattis quando passaram por Bruxelas: expressar um forte apoio à NATO ao mesmo tempo que exigem aos restantes Estados membros que cumpram a meta de 2% do PIB em gastos com Defesa, acordada em 2014.
Uma mensagem, sublinhou o norueguês, semelhante à que ele próprio tem defendido desde que assumiu o cargo de secretário-geral, precisamente em 2014. "Estou ansioso por receber Rex Tillerson", garantiu, tal como disse esperar pelo encontro com Trump na Casa Branca, a 12 de abril.
O secretário de Estado americano ponderou não vir a Bruxelas por a data da reunião coincidir com a visita aos Estados Unidos do presidente chinês Xi Jinping, mas a NATO decidiu antecipar o encontro uma semana para conciliar agendas. Trump vai receber XI Jinping em Mar-Lago, na Florida, a 6 e 7 de abril.
Como chegar aos tais 2% em gastos militares, uma meta apenas cumprida por cinco dos 28 países da Aliança - EUA, Grécia, Reino Unido, Estónia e Polónia - passa, segundo Stoltenberg, por "planos nacionais" em que cada país deve traçar como chegar ao valor, mas também como usar esses fundos e como contribuir mais para as missões e operações da NATO.
Armas proibidas usadas duas vezes por minuto
Acabado de sair de uma reunião do Conselho NATO-Rússia, o secretário-geral admitiu que o cessar-fogo no Leste da Ucrânia "não é respeitado", afirmando mesmo "no papel existe um cessar-fogo, mas no terreno não". Quanto ao encontro com os russos, também confessou continuar a haver "divergências". A Aliança reafirmou a necessidade de a Rússia e os rebeldes separatistas que esta apoia no Leste da Ucrânia respeitarem os acordos de Minsk, explicando que os observadores internacionais não conseguem fazer o seu trabalho, tornando-se muitas vezes "alvos". E referiu que "armas proibidas estão a ser usadas duas vezes a cada minuto".
Sem reuniões entre o verão de 2014, após a anexação da Crimeia pela Rússia, e o verão de 2016, o conselho NATO-Rússia teve três encontros nos últimos meses. Stoltenberg explicou ainda que todos os aliados pediram à Rússia para usar a sua influência para fazer cumprir os acordos de Minsk.
Em Bruxelas