Nas alegações finais, em Junho, no Tribunal da Boa Hora, Lisboa, o Ministério Público (MP) pediu que Wellington Nazaré fosse condenado com severidade por um crime de roubo qualificado na forma tentada, seis crimes de sequestro e um de detenção de arma proibida, manifestando a convicção de que o tribunal de jurados chegará a "uma medida da pena adequada" à gravidade dos factos praticados..A procuradora Maria João Lobo considerou que o arrependimento que Wellington Nazaré disse ter não passou de uma "palavra vã" e realçou a forma violenta e ameaçadora como, juntamente com o seu cúmplice (morto pela PSP), tratou as pessoas sequestradas durante horas no interior da agência bancária a 07 de Agosto de 2008..Os advogados do BES e de dois funcionários daquele banco partilharam da posição do MP, apontando a "frieza, calculismo e a determinação" com que Wellignton Nazaré actuou no assalto, ameaçando de morte várias vezes as pessoas que manteve sequestradas e que ainda hoje não têm uma vida normal..Nas alegações finais, João Martins Leitão, advogado de defesa, pediu que Wellington Nazaré fosse apenas condenado pelo crime de roubo qualificado na forma tentada, por entender que a abrangência deste "consome" os crimes de sequestro e detenção de arma proibida..Reagindo à posição do MP, que pediu "especial severidade" na pena a aplicar, o advogado pediu "clemência" e "humanidade" para um jovem brasileiro, de 24 anos, sem antecedentes criminais e que naquele "pior dia da sua vida" foi atingido por quatro tiros da PSP. Uma bala está ainda alojada no corpo do arguido..No final dessa audiência, dirigida pelo juiz Sérgio Corvacho, Wellington Nazaré quis falar para manifestar novamente o seu "arrependimento" e alegar que "não é um criminoso"..Em declarações aos jornalistas, João Martins Leitão frisou que, do seu ponto de vista, só o crime de roubo qualificado na forma tentada está preenchido, pelo que a condenação não poderá ultrapassar os 10 anos de prisão..Mostrou-se convencido de que os jurados (cinco mulheres e três homens) saberão aplicar "uma pena realmente justa e adequada" e disse ser intenção de Wellington Nazaré cumprir a pena de prisão no Brasil, mais concretamente em Minas Gerais, onde tem família..No acórdão que será lido terça-feira o tribunal terá também de decidir sobre pedidos de indemnização cível movidos pelo BES e pelos funcionários sequestrados durante o assalto, que se constituíram assistentes no processo.