MP investiga caso da mãe que se atirou de ponte com o filho

Buscas no rio Cávado para encontrar criança de cinco anos retomadas hoje. Família não estava referenciada ao tribunal nem à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens
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O Ministério Público já está a investigar o caso de uma mãe que alegadamente se atirou da ponte de Santa Eugénia, em Barcelos, com o filho de cinco anos ao colo. O alerta foi dado ao início da tarde e a mãe foi resgatada pouco depois por um homem, residente na zona. O dia terminou sem que o corpo da criança tivesse sido resgatado das águas do rio Cávado. As buscas são retomadas hoje.

Na memória de muitos ainda vive a lembrança do caso de Caxias, de uma mãe que entrou nas águas do Tejo com as duas filhas pela mão. Ambas morreram, ela foi resgatada por um taxista que parou na zona e está detida. Ontem, em Barcelos, a história repetiu-se no desfecho, apesar de nada se saber sobre o que terá estado na origem da tragédia. Uma mulher, de 37 anos, alegadamente atirou-se da ponte com o filho de cinco anos ao colo. O mais velho, já que tem mais um menino de 2 anos.

A Procuradoria-Geral Distrital do Porto já fez saber que determinou a abertura de um inquérito, para investigação dos factos através da PJ, e que "em abstrato, pode estar em causa "o crime de homicídio qualificado, na forma tentada ou consumada". O Ministério Público esclareceu ainda que em relação ao menino desaparecido "apurou-se que não está pendente ou arquivado o processo de natureza tutelar cível ou de promoção e proteção, quer no tribunal quer na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da área da sua residência".

O alerta para a tragédia foi dado pelas 12.41. Um homem que estaria na zona apercebeu-se e avisou os bombeiros de Barcelos, cujo quartel fica perto da ponte, também conhecida como ponte nova, na freguesia de Rio Covo Santa Eugénia. A mulher foi resgatada pouco depois, inconsciente, por um homem que mora na zona e que tem um pequeno barco.

Em declarações ao Correio da Manhã, Carlos Silva explicou que foi a sua irmã, que ia a passar na ponte, que o avisou. De imediato foi buscar o barco. Apanhou a mulher no meio do rio, a cerca de 500 metros do local de onde se terá atirado. "Deitei-lhe a mão e coloquei-a dentro do barco. Estava inconsciente. Fiz alguma reanimação e depois dei-a aos bombeiros", contou. Nunca o viu o corpo do menino nas águas.

A mãe foi encaminhada para o hospital de Braga. Fonte daquela unidade disse ao DN que a mulher "não corre risco de vida, está estável e mantém-se em vigilância no serviço de urgência". Entrou com sintomas de afogamento e hipotermia.

José Beleza, comandante dos bombeiros voluntários de Barcelinhos, explicou ao DN que estiveram no local 23 operacionais, elementos desta corporação e dos bombeiros de Barcelos, GNR e INEM. O mesmo referiu que o pai da criança esteve no local. Foi assistido durante a tarde pela equipa de psicólogos do INEM, no quartel dos bombeiros voluntários de Barcelos. Também um bombeiro que viu o corpo da criança no rio, antes de desaparecer, foi assistido pelos psicólogos por causa do choque.

Até às 19.30, altura em que as buscas foram suspensas, equipas de mergulhadores varreram o rio, mas sem sucesso. "Foi colocada uma rede a jusante do local onde supostamente a criança caiu à água. As buscas serão retomadas amanhã [hoje] logo que seja possível", disse o comandante José Beleza. O mais complicado, explicou o chefe de mergulhadores durante a tarde, era a incerteza do local exato onde a criança teria sido vista pela última vez nas águas.

Segundo o Público, a mulher é divorciada e vive há vários anos com o atual companheiro, pai das duas crianças. Mora na freguesia de Arcozelo, perto da cidade de Barcelos, e trabalha na pastelaria. Estaria a passar por um período depressivo.

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