Mourinho Félix afasta retração de investimento em Portugal por causa da crise política

Vice-presidente do Banco Europeu de Investimento não comenta situação política, mas considera que o país tem condições para captar verbas e cumprir PRR.
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O vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, considera que a capacidade de Portugal atrair investimento estrangeiro, executar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou a capacidade das empresas lusas garantirem financiamentos, não sai beliscada com a crise política que se instalou no país, após uma investigação do Ministério Público levar o primeiro-ministro a pedir demissão e o Presidente da República antecipar eleições legislativas para 2024.

Mourinho Félix está por estes dias a participar na Web Summit, para dar a conhecer mecanismos do BEI que podem apoiar startups e pequenas e médias empresas (PME) a alavancar negócios. "O ano passado [2022] o financiamento [do BEI a empresas portuguesas] chegou a 1700 milhões de euros e, para este ano, esperamos um valor muito semelhante, depende obviamente da vontade e dos projetos que existam", afirmou em declarações ao Dinheiro Vivo.

Questionado, contudo, se o atual momento político pode retrair o investimento estrangeiro ou condicionar o financiamento de empresas portuguesas, o vice-presidente do BEI rejeitou comentar a situação política de qualquer Estado-membro da União Europeia.

Não obstante, afirmou: "Portugal é uma democracia madura com quase 50 anos e com instituições fortes. O que acontece nas democracias maduras, com instituições fortes e estados de direito [democrático] da União Europeia é, precisamente a continuidade da normalidade institucional e com processos democráticos políticos que são naturais e que acontecem em diversos países da UE e que não põem em causa qualquer espécie de questão, seja sobre o investimento estrangeiro, seja à implementação do PRR, seja o quadro financeiro plurianual [da UE]".

Já sobre a Web Summit deste ano, cuja realização fica marcada pela contratação de Katherine Maher para CEO da organização, depois de Paddy Cosgrave ter saído devido a comentários sobre o conflito israelo-palestiniano ter motivado o boicote de gigantes tecnológicas (casos da Amazon, Meta e da Alphabet, dona da Google), o alto responsável do BEI garantiu que não esteve em causa a participação do organismo na Web Summit.

"Felizmente tudo isso foi um episódio temporário. Estamos muito comprometidos com a Web Summit", disse, notando que o evento é "absolutamente fundamental para este ecossistema [empreendedor] e para o BEI".

"O BEI participa enquanto uma das entidades principais com melhor visibilidade, juntamente, este ano, com o European Investment Council e a Comissão Europeia, enquanto entidades públicas de investimento para a inovação", adiantou.

Vice-presidente do BEI com responsabilidades sobre operações de financiamento em Portugal e Espanha desde outubro de 2020, Ricardo Mourinho Félix integrou os dois primeiros governos de António Costa (2015-2019; e de 2019 até 2020) como secretário de Estado Adjunto e das Finanças.

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