Moulinex regressa ao fim de 10 anos
Nos anos 80, qualquer dona de casa portuguesa que quisesse ser moderna tinha de ter uma iogurteira. E nos anos 90, se quisesse ser activa tinha de ter uma picadora 1,2,3. Mas não uma iorgurteira ou picadora qualquer - tinha de ser da Moulinex, marca que regressa agora a Portugal depois de 10 anos de ausência. Uma ausência forçada pela Comissão Europeia que, em 2001, considerou que o grupo SEB - ao comprar a Moulinex, juntando-a assim às suas marcas já líderes em Portugal Rowenta, Tefal e Krups - iria ficar com posição dominante no mercado português.
Segundo recorda ao DN o director--geral da SEB Portugal, José Abrantes [e principal responsável pelo lançamento da Moulinex em Portugal nos anos 80 até 2001 (ver entrevista ao lado)], "para que o negócio se fizesse, Bruxelas impôs este período de carência, que foi negociado e aceite pelo grupo e que felizmente terminou".
Notícias da época dão conta da falência da Moulinex e da revolta dos trabalhadores em Caen (Normandia) contra o encerramento da fábrica. Em 2001, empregava nove mil trabalhadores em França e noutros países. "Ausente de Portugal?", perguntarão muitos. Sim. Embora pareça que a marca nunca saiu da casa dos portugueses, mais concretamente das cozinhas, onde milhares de provas perduram até hoje - falamos de pequenos electrodomésticos como centrifugadoras, espremedores de citrinos, aspiradores, máquinas de café... -, a verdade é que o grupo francês SEB fez regressar a Moulinex a Portugal no início deste ano, mas com maior visibilidade agora - com o lançamento da nova linha Red Ruby.
Assim, em tons de vermelho, branco e cinza-alumínio, esta gama que representa a nova imagem e posicionamento da marca irá contribuir para que o grupo atinja, segundo José Abrantes, um crescimento entre 12 e 15% este ano.
No horizonte da marca está também o lançamento de várias novas soluções para a cozinha, nomeadamente na aspiração e no tratamento da roupa.
O grupo SEB espera desta forma reforçar a sua liderança com a reentrada da Moulinex no seu portfólio, pretendendo atingir uma quota de mercado de cerca de 30% até final de 2012.
A liderança no universo de preparação alimentar é o objectivo da Moulinex para Portugal a curto prazo . Um "objectivo ponderado e seguro que só não será alcançado se ocorrer uma catástrofe", diz o director-geral da SEB Portugal. Neste sentido, o grupo aumentou em 22% o budget para marketing e promoção.
Aliás, Portugal surge no relatório e contas deste grupo cotado na Bolsa de Paris como um dos mercados, entre oito (Alemanha, Áustria, Grécia, Holanda, Suécia, Dinamarca, Bélgica e Noruega), para reforçar a quota europeia, que pesava 18% nas vendas de 2010 (17% em 2009).
No ano passado, a SEB, que conta com actividade em 20 mercados, totalizou vendas no valor de 3,6 mil milhões de euros, mais 15% face ao ano anterior, e um lucro de 220 milhões de euros, mais 51% em relação a 2009.