Motoristas de matérias perigosas ameaçam com nova greve
Após o primeiro encontro entre o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Associação Nacional de Transportadores de Mercadorias (ANTRAM), os motoristas deixaram um ultimato: ou a associação responde na próxima semana às reivindicações dos trabalhadores, ou os motoristas avançam para uma nova greve.
Pedro Pardal Henriques, vice-presidente do sindicato, disse esta tarde aos jornalistas, após a reunião, que a ANTRAM chegou ao encontro dizendo que desconhecia "praticamente" todas as reivindicações. Está marcado um novo encontro para o próximo dia 7 de maio, no qual a ANTRAM terá de dar uma "resposta concreta".
Os motoristas garantem não abdicar de duas das reivindicações que classificam como a base do acordo: o reconhecimento oficial da categoria de motorista de matérias perigosas e um salário garantido que seja igual a dois salários mínimos nacionais. A proposta tem ao todo 43 páginas e "70 e muitas cláusulas".
"Não abdicaremos e a ANTRAM já sabia disto. Estarão em cima da mesa todos os meios disponíveis para reivindicar os direitos destas pessoas. Existem vários meios possíveis, um deles, com uma grande força, será um novo anúncio de greve", sublinhou Pedro Henriques.
O advogado deixou várias críticas à postura da ANTRAM na reunião. "O que vi hoje surpreendeu-me porque pensei que as pessoas levassem isto mais a sério. Uma coisa é brincarem com os trabalhadores durante 20 anos, outra coisa é brincarem com uma estrutura criada para defender os interesses dos trabalhadores. Talvez por isso faça tanta confusão existir um advogado ligado a esta causa. Não estamos aqui a brincar. Fixamos este prazo como limite e não concederemos mais nenhum para que se chegue a algum consenso".
No entanto, Pedro Henriques mostrou-se cético em relação a um desfecho positivo das negociações.
"Se não temos acordo passado tanto tempo do pré-aviso de greve, dificilmente teremos acordo até ao final do ano". O vice-presidente do SNMMP deixou ainda críticas às petrolíferas, após a APETRO, associação que representa as gasolineiras, ter descartado participar nas negociações. "A presença das petrolíferas tem sido reivindicada desde início. As entidades patronais dos motoristas não são o cliente final, o cliente final são as companhias e outras entidades, que subcontratam as entidades patronais. Quando os concursos são lançados com um valor que é incomportável para pagar salários e impostos, são sempre os mesmos a ser prejudicados. A título pessoal, considero que são estes senhores que andam a financiar as companhias", concluiu Pedro Henriques.
O SNMMP começou esta segunda-feira a negociar melhores salários e condições de trabalho com a ANTRAM, conforme foi acordado na sequência da greve que afetou a distribuição de combustíveis em todo o país. O SNMMP pede salários de 1.200 euros para os profissionais do setor, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.
O SNMMP foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.