Motoristas asseguram combustível na Páscoa
Neste domingo de Páscoa, já não deve haver problemas de falta de combustível nas estações de serviço no país. A garantia é de Francisco São Bento, presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), que assegura que os profissionais retomaram a 100% os abastecimentos logo ao início da manhã de ontem, após ter sido decretado o fim da greve. "Em 48 horas, estará retomada a total normalidade", afirmou.
Este desfecho só foi possível após a assinatura do acordo negocial entre o sindicato e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), mediado pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e que terá o seu primeiro ato visível na reunião agendada para 29 deste mês. Logo que as duas partes chegaram a um entendimento, o passo essencial para o fim da greve com a abertura negocial da ANTRAM a levar à mesa de negociações as reivindicações dos motoristas, os camiões de abastecimento começaram a rodar. A associação patronal estima que a situação estará regularizada "nos próximos dias".
"O governo esteve a trabalhar desde a primeira hora" para terminar a greve o mais depressa possível, afirmou Pedro Nuno Santos, sublinhando o ambiente de "paz social" conseguido. Já o primeiro-ministro fez saber que o Presidente da República esteve sempre a par da evolução das negociações e que a grande lição a tirar é que são "intoleráveis os aproveitamentos políticos".
Agora, todos estão focados na mesma meta: uma Páscoa sem problemas de gasolina. A Galp reforçou as operações para que o reabastecimento dos seus postos seja efetuado no mais curto espaço de tempo possível. Também a Prio fez saber que o seu terminal de tanques em Aveiro estará aberto "em permanência" até ao meio-dia de domingo, de forma a garantir a reposição completa da rede de estações.
"Todos estão a trabalhar ao máximo para que seja recuperada rapidamente a normalidade", sublinhou também António Comprido, secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, realçando que hoje, ao fim do dia, grande parte dos três mil postos do país estarão já abastecidos. Já ontem "muitos foram reabastecidos", confirmou. Domingo ainda haverá respostas a dar, mas nessa altura já só serão esperadas situações pontuais, disse.
Agora, o SNMMP e a ANTRAM têm até ao fim do ano de concluir um processo de negociação coletiva que, correspondendo às solicitações dos motoristas, "promova e dignifique a atividade de motorista de mercadorias perigosas". As duas entidades terão de chegar a acordo sobre cinco temas: o reconhecimento da categoria profissional específica destes motoristas, o subsídio de risco, a formação especial, os seguros de vida e os exames médicos. As negociações serão acompanhadas de perto pelo Ministério das Infraestruturas, que se fará representar por um mediador.
De resto, a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento, criada anteontem, com 310 postos espalhados pelo país, irá manter-se até a situação do abastecimento estar totalmente normalizada, garantiu o Ministério do Ambiente. O objetivo é que os veículos prioritários possam abastecer com agilidade.
Note-se que estes postos estão obrigados a reservar pelo menos uma unidade de abastecimento para veículos prioritários, ficando as outras disponíveis para todos os cidadãos.
Os três dias da greve
28 de março - O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas apresenta um pré-aviso de greve a iniciar-se às zero horas do dia 15 de abril e por tempo indeterminado.
11 de abril - Os ministros do Trabalho e do Ambiente fixam os serviços mínimos a prestar pelos motoristas.
15 de abril - Inicia-se à meia-noite a paralisação dos motoristas de matérias perigosas.
16 de abril, 07.30 - O governo aprova a requisição civil. Aeroporto de Faro atinge reservas de emergência. Começam as filas de carros para abastecer. Camiões-cisterna, acompanhados pela GNR, saem de Aveiras para o aeroporto de Lisboa. Governo declara "situação de alerta" e de "crise energética". O ministro do Planeamento reúne-se à noite com o sindicato e a ANTRAM.
17 de abril - A falta de combustível começa a afetar a economia. Bombas fecham. O Presidente da República fala da urgência em resolver o problema. O ministro do Trabalho convoca uma reunião com o sindicato e a ANTRAM. Mais tarde junta-se o ministro do Planeamento.
18 de abril, 08.00 - É anunciado o fim da greve.