Motorista da Carris candidato a título europeu
Paulo Cruz é motorista da Carris. Mas não é um motorista qualquer. É o chamado "supra" - o que significa que conduz todas as carreiras de Lisboa, substituindo os colegas de férias ou de folga. Ontem o superlativo ganhou outro sentido: Paulo Cruz foi o vencedor do concurso do melhor motorista da Carris e irá representar Portugal em Paris, em Junho, no prémio Bus d'Or, prova internacional destinada a apurar o melhor motorista europeu.
As provas de selecção realizaram-se ontem, no aeródromo de Santarém, com a participação de 60 motoristas que integram a lista de "Desempenho+", prémio criado pela Carris para distinguir os melhores entre os cerca de 1700 profissionais da empresa. Em segundo lugar ficou Duarte Canadas, que também vai a Paris mas como suplente.
Os concorrentes foram postos à prova num percurso de obstáculos instalado na pista de aviação de Santarém, com as mesmas características do que vai testar os concorrentes em Paris. O presidente do juri e secretário-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa, José Manuel Trigoso, disse ao DN que se avaliou principalmente "a perícia dos motoristas e a capacidade de condução segura e confortável para os passageiros".
O primeiro a fazer a prova foi José Gomes, de 49 anos, há 20 na Carris, com mais de 20 mil horas de condução sem um único acidente. Faz a carreira 745 entre o Prior Velho e Santa Apolónia. "Senti-me nervoso por ser o primeiro e demorei oito minutos", desabafou ao DN, enquanto recebia as felicitações do presidente da empresa, a quem aproveitou para agradecer o prémio de "desempenho+", que inclui um bónus no ordenado - uma boa ajuda, agora que a sua filha, a concluir o curso de educadora de infância, lhe vai dar o primeiro neto.
"Fiz tudo como no dia-a-dia, com calma, paciência e gosto, aqui com a vantagem de não termos de ouvir certos impropérios de passageiros e automobilistas", disse Carlos Novo, 43 anos, 12 mil horas ao volante de um "laranja" da Carris.
Os motoristas tiveram de conduzir o autocarro, transportando elementos do jurí, ao longo de um percurso de obstáculos, simulando diversas manobras. Nada de corridas. "Na brasa", só o porco assado do almoço que foi um dos pontos altos destes dia de convívio, que contou com um programa de animação.
O espírito de equipa superou a competitividade, com todos os concorrentes a puxarem uns pelos outros. Muito animada esteve também a assistência, constituída por umas dezenas de mulheres e namoradas que incentivaram e aplaudiram todos os concorrentes. |