Mostra recupera 150 anos de memórias das loiças de Sacavém
"Algumas destas peças passaram pelas minhas mãos", revela Fernando Tavares, de 86 anos, metade dos quais passados ao serviço da Fábrica de Loiças de Sacavém. As peças de que fala fazem parte do conjunto total que compõe a exposição "150 Anos, 150 Peças" inaugurada ontem, no Museu de Cerâmica de Sacavém.
"Do espólio presente na exposição, a peça mais valiosa é uma terrina que data de 1860", revela Ana Paula Assunção, directora da Rede de Museus de Loures. De acordo com a responsável, as peças em exposição foram escolhidas "pela funcionalidade, representatividade e interesse histórico". O objectivo é apresentar "a relevância da fábrica de Sacavém no âmbito das loiças a nível nacional e internacional".
Maria Teresa Gomes, ex-funcionária da fábrica, recorda com saudade os momentos passados na unidade fabril. Durante 27 anos percorreu aqueles corredores e salienta a "importância de manter viva a memória de muitas famílias e gerações que por aqui passaram".
No espaço, está bem patente a preocupação com o acesso de diversos públicos à exposição: a informação sobre as peças é apresentada também em braille e em inglês.
Fundada em 1856, a Fábrica de Loiça de Sacavém chegou a empregar dois mil trabalhadores na década de 70. Em 1999, a Câmara de Loures manifestou o desejo de conservar o Forno 18, ícone principal da identidade da fábrica, e transformou o espaço num museu dedicado à história da cerâmica em Sacavém.
A mostra está patente até Outubro e faz parte de um conjunto de iniciativas comemorativas dos 150 anos da fábrica. O ponto alto será o Encontro Internacional sobre Património Industrial em Novembro.