Mosquito do vírus zika às portas de Portugal

Mosquito tigre foi detetado nas regiões sul e oeste da Extremadura. Esta última faz fronteira com Castelo Branco, Portalegre, Évora e parte de Beja.
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O mosquito tigre, com o nome científico de Aedes albopictus, foi detetado em agosto em dois municípios da Extremadura, mas o alerta só foi dado esta quarta-feira pelo ministério de Saúde espanhol que não especificou as localidades.

Essa informação foi avançada, entretanto, pela Universidade da Extremadura, onde decorre o projeto que permitiu a confirmação da existência do inseto na região. A investigação chama-se "Vigilância do mosquito tigre e análise da possível circulação do vírus do Nilo ocidental na Extremadura" e é liderado pela professora Eva Frontera Carrión, com o veterinário perito em entomologia, Daniel Bravo Barriga, responsáveis por uma equipa de cientistas e profissionais da instituição.

Fonte sanitárias espanholas explicaram à agência de notícias Europa Press que a junta da Extremadura "realiza vigilância entomológica para encontrar vetores adultos, uma vez que até agora só detetaram ovos", mas que já estão a ser implementadas "as medidas de contenção habituais para estas situações". Sublinha que são medidas preventivas e que a situação deve ser acompanhada com tranquilidade.

As medidas de contenção implicam a limpeza e desinfeção das zonas com maiores probabilidades da presença do mosquito.

As autoridades referem que tanto os insetos como as bactérias "não conhecem fronteiras", sensibilizando a população para a necessidade de estar atenta para a transmissão do vírus zika e da febre-amarela entre outras patologias associadas ao mosquito tigre.

Investigação desde abril

"Desde abril que os investigadores vigiam 17 locais da região da Extremadura com a colocação de 61 armadilhas. Em agosto obtiveram duas recolhas positivas, nas armadilhas situadas mais a oeste e sul da região. Detetaram-se ovos compatíveis com o mosquito tigre, que foram incubados e criados em laboratório na Faculdade de Veterinária e que evoluíram em adultos para a espécie Aedes albopictus ou mosquito tigre", refere a universidade.

E alertam: "Há que ter em conta para a facilidade deste mosquito em viajar nos veículos (carros, autocarros, camiões, etc,) sendo uma das forma mais importantes para se espalhar progressivamente pelo país. Tendo em conta esta premissa, os pontos de vigilância ativa na região são as estações de serviço ao longo da A5 [Madri-Portugal] e A66 [Gijón-Sevilha], centros de pneus e logísticos de transportes de mercadorias. De igual forma, e devido à facilidade do inseto se propagar à água das flores, existem também armadilhas nos cemitérios de Cáceres, Badajoz, Merida e Plasencia".

O mosquito é facilmente reconhecido pelo corpo preto e tem uma lista branca na cabeça e no tórax. Tem também bandas brancas nas patas e no abdómen. E, ao contrário de outras espécies existentes na Península Ibéria, estão ativos durante o dia especialmente ao amanhecer e ao anoitecer.

Segundo os investigadores, não há para já motivo de alarme por a quantidade de insetos ser muito baixa e as autoridades sanitárias espanholas terem tomado as medidas necessárias à sua eliminação. Além de que a população também pode tomar medidas básicas: evitar a acumulação de água nos pratos dos vasos, renovar a água dos bebedouros dos animais e drenar os locais que possam ser alagados com frequência.

Pedem, ainda, que os cidadãos fotografem o mosquito tigre e que o enviem para aplicação gratuita Mosquit Alert, onde uma equipa de investigadores confirmará, ou não, se se trata do mosquito. E, assim, aumentam os pontos de vigilância.

O mosquito tigre foi detetado pela primeira vez na Catalunha em 2004 e, desde então, tem estado "claramente em expansão" na bacia do Mediterrâneo, diz o ministério da Saúde espanhol. Em 2017, esta espécie foi identificada no País Basco, Aragão, Comunidade Valenciana, Ilhas Baleares, Múrcia e Andaluzia.

E, no dia 21, a Direção-Geral de Saúde Pública de Madrid informou que o mosquito foi detetado em Velilla de San Antonio, como o resultado de uma amostra desenvolvida no âmbito do Plano Regional de Vigilância e de Controle de Vetores com Interesse para a Saúde Pública. "Trata-se do segundo ano consecutivo que se verifica a presença do inseto na região. O ano passado recolheram-se ovos, mas nenhum exemplar adulto", disse em comunicado

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