Mortes corrigidas para metade
Os dados enviados pelas empresas e tratados pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) do Ministério do Trabalho apontam para 148 acidentes de trabalho mortais no ano passado, mais 28 do que os que foram anunciados pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
Isto apesar de os dados do GEP terem sido, nos últimos dias, corrigidos para metade. O relatório inicial das Estatísticas da Actividade do Serviço de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, que esteve até ontem disponível no site do GEP, apontava para 330 mortes no ano passado. Um dia depois de o DN ter confrontado as duas instituições com a disparidade, o número de mortes foi revisto, num processo que até ontem acabou por não ser oficialmente justificado. Os dados finais apontam assim para o registo de 148 acidentes mortais de trabalho.
Questionado sobre a razão da diferença que os números ainda revelam, o inspector-geral da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) afirma que qualquer discrepância será "pontual". Paulo Morgado de Carvalho sugere, contudo, que na base da diferença entre as duas fontes poderão estar, por exemplo, os casos de mortes no estrangeiro, na estrada, ou entre empresários em nome individual, nomeadamente na agricultura. Casos que, segundo explica, podem não ser participados à ACT ou não ser da sua competência.
Segundo os dados finais do GEP, houve mais registos de mortes na construção (46) e nas indústrias transformadoras (34). A taxa de incidência é contudo superior nas indústrias extractivas, seguida pela da construção.
É o Norte do País que apresenta a maior incidência de acidentes mortais, com os distritos de Viana do Castelo e Vila Real a liderarem.