Morreu Zygmunt Bauman, o sociólogo da "modernidade líquida"
Foi um dos mais importantes sociólogos europeus da contemporaneidade: pensou (e criticou) a globalização, o Holocausto, e a modernidade a que chamou "líquida". Zygmunt Bauman tinha 91 anos. Morreu nesta segunda-feira em Leeds, Inglaterra.
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Autor de Modernidade e Holocausto, onde refere o extermínio de judeus pelos nazis não como o colapso da modernidade mas como consequência dela, escreveu mais de 50 livros. Entre eles contam-se Amor Líquido e Modernidade e Ambivalência, ambos publicados em Portugal pela Relógio d'Água. O seu conceito de "modernidade líquida" - introduzido em 2000 no livro homónimo - refere-se a um mundo de fluxos onde as pessoas perdem as raízes e as referências.
Bauman nasceu numa família de judeus polacos que fugiram ao Holocausto partindo para a União Soviético. Chegou a ser acusado de ter pertencido às forças de Estaline que eliminavam opositores ao regime comunista, e reconheceu-o, embora tenha afirmado não ter feito mais do que trabalho de secretária.
Depois de servir o exército soviético na Segunda Guerra Mundial, ainda regressou à Polónia, para ensinar na Universidade de Varsóvia, de onde, depois de ter sido expulso do Partido Comunista, partiria para Telavive, apesar de ter sido um forte crítico à forma como Israel trata a questão palestiniana. Por fim, instalar-se-ia na Universidade de Leeds, Inglaterra, que hoje tem um instituto com o seu nome, dedicado ao estudo de questões como a globalização ou o consumismo.
Foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias em 2010. Antes tinha já recebido o Prémio Europeu Amalfi para Sociologia e Ciências Sociais em 1992 e o Prémio Theodor W. Adorno em 1998.