Morreu Wilhelm Brasse, fotógrafo dos horrores de Auschwitz
Brasse forneceu igualmente documentos sobre as experiências pseudo-clínicas dos médicos Josef Mengele e Eduard Wirths, este médico chefe das SS (força de elite do regime nazi) em Auschwitz-Birkenau.
Nascido em 1917, Brasse trabalhou na sua juventude como fotógrafo no sul da Polónia. Após o início da II Guerra Mundial, recusou, apesar das suas origens austríacas, assinar a "Volksliste", que significava adesão ao ocupante alemão, e inscreveu-se no exército polaco.
Preso pelos alemães durante uma tentativa de passagem da fronteira húngara em 1940, foi enviado para o campo de Auschwitz-Birkenau, recebendo o número de prisioneiro 3.444.
Em janeiro de 1941, sob ordem de Rudolf Höss, comandante do campo de Auschwitz, onde foram exterminados cerca de 1,1 milhões de pessoas, das quais um milhão de judeus, foi criada uma célula de identificação dos prisioneiros, a Erkennungsdienst.
No mês seguinte, Brasse e outros sete detidos ficaram nessa célula, sendo que o seu trabalho consistia, sobretudo, em fotografar os novos prisioneiros, "salvo os que eram enviados diretamente para as câmaras de gás", como explicou à agência AFP em 2009.
"Numa noite, ordenaram-me que fotografasse 1.100 deportados do campo de Drancy, na França", referiu.
"Eu era o único fotógrafo profissional da unidade. Os alemães tinham necessidade de mim e isso permitiu-me sobreviver", acrescentou.
O museu do campo guarda cerca de 39 mil fotografias tiradas por Wilhelm Brasse.
A 17 de janeiro de 1945, com a aproximação do exército vermelho, ordenaram-lhe que destruísse as fotografias, mas o fotógrafo conseguiu salvar uma parte dos negativos.
Após a evaquação do campo, ele foi enviado para os campos de Mauthausen, Melk e Ebensee, na Áustria, onde foi libertado pelas tropas norte-americanas.
Em 2005 foi-lhe dedicado um documentário, sob o título "Portraitiste".
Wilhelm Brasse será sepultado no cemitério de Zywiec.